Igreja construida no local onde Jesus Cristo teria nascido -- adoro essas igrejas ortodoxas cheias de coisas penduradas em icones pintados nas paredes.
quinta-feira, 31 de julho de 2008
Igreja da Natividade
Igreja construida no local onde Jesus Cristo teria nascido -- adoro essas igrejas ortodoxas cheias de coisas penduradas em icones pintados nas paredes.
Na superficie
Peco desculpas por ser tao superficial a respeito dos aspectos historico-politicos da situacao aqui em Israel. Mas nao tenho tempo e nem me sinto muito preparado para discutir topicos tao delicados -- seria irresponsavel da minha parte. A ideia do blog e trazer as minhas experiencias e impressoes, e delas cada um pode fazer o que quiser e aproveitar como puder. OK?
Cisjordania
Hebron
Quando sai de casa prometi a minha mae que nao iria para areas de conflito. Mas, desde entao, ja estive na fronteira com o Libano, nas Colinas de Gola e no deserto do Sinai. Hoje, foi o dia de -- inesperadamente -- visitar a Cisjordania.
A Ana, a Elisenda e duas outras voluntarias (a Valerie e a Jordan) decidiram que queriam ir para a Cisjordania, mais especificamente Hebron e Belem. No inicio relutei, porque muitas coisas ja foram ditas sobre essas cidades, nem todas elas coisas boas.
Mas uma coisa e certa -- eu estaria andando na superficie do problema se so conhecesse Israel e ignorasse a situacao do territorio palestino. Como quero conhecer o coracao do problema, ou pelo menos saber onde fica, decidi respirar fundo e ir adiante. Foi otimo.
Muito do que se diz sobre Hebron e Belem e verdade, evidentemente. Mas a impressao final que temos e distorcida, algo como o que acontece quando vemos o noticiario sobre Sao Paulo ou Rio de Janeiro -- os habitantes locais sempre entendem o problema de uma forma diferente.
Hebron fica no centro da Cisjordania e contem a mesquita de Abraao, ou seja, seu tumulo e o de sua esposa Sarah -- o local e sagrado para o islamismo, o cristianismo e o judaismo (as religioes abraamicas).
Depois da criacao dos assentamentos israelenses na cidade, os palestinos foram expulsos de suas casas e hoje vivem uma vida muitas vezes dificil e degradante. Tivemos a sorte de encontrar, por acaso, uma associacao crista pela paz da regiao, e do telhado da construcao o simpatico voluntario John nos mostrou a cidade e explicou onde e porque a situacao fica tensa.
Vimos, por exemplo, uma escola de meninas palestinas que fica no meio da area ocupada por Israel. Quando estao indo estudar, algumas das alunas sao apedrejadas por israelenses.
Vimos tambem uma base militar israelense que era, antes, uma estacao de onibus. Nao podiamos fotografa-la, fomos advertidos de que os militares nos tomariam as cameras. Mesmo assim, fotografamos -- as escondidas.
Em uma das ruas principais do mercado, ha um tela para evitar que o lixo jogado pelas janelas dos assentados isralenses caia nas cabecas dos palestinos que trabalham nas ruas.
Nao quero cair no reducionismo maniqueista que vi em tantos os que me precederam nessa visita. Nem Israel nem os palestinos estao agindo simplesmente por ma fe, e o conflito e muito mais profundo do que cabe a mim analisar. Mas ver tanta podridao com os proprios olhos embrulha o estomago...
A tensao politica e marcante, e ajuda a esvaziar a cidade que, sem turismo, caminha em direcao a morte. O mercado, por exemplo estava vazio. As palavras da Ana ficam da minha cabeca "um mercado morto e um mal sinal para uma cidade". Realmente.
Hoje a presenca militar na cidade e forte, ja que ha algo como dez anos um israelense entrou na mesquita de Abraao e matou 29 muculmanos que estavam fazendo suas oracoes.
Visitamos a tal mesquita -- onde, alias, fomos muito bem recebidos -- e almocamos um falafel delicioso. Durante o almoco, um grupo de criancas passou por nos cantando uma musica que dizia, em arabe, "Palestina livre!". Uma palestina sentou-se conosco e falou que nao gosta nem do Hamas e nem do Fatah, mas acredita que a uniao dos dois partidos e necessaria para a paz. O dono do restaurante discordou, e disse apoiar o Fatah -- um desenho com o rosto de Yasser Arafat, falecido lider da Autoridade Palestina, enfeitava seu restaurante.
Depois, Jordan e Valerie voltaram para Jerusalem e eu, Ana e Elisenda decidimos ir para Belem.
Belem
Belem e uma cidade grande e bonita. Me lembra bastante Jerusalem, mas muito mais arabe. La, visitamos a Igreja da Natividade -- onde Jesus Cristo teria nascido. Como a maioria dos leitores sabe, nao sou religioso, mas foi uma experiencia muito tocante -- a fe das multidoes e sempre impressionante, e milhares de anos de historia nao podem ser ignorados nem mesmo pelos mais ceticos.
Na Igreja da Natividade conhecemos dois militantes pelos direitos humanos, o Andres e a Ana. Eles vem da espanha, o que significa que ultimamente tenho treinado o pouco de espanhol que sei -- meu professor vai ficar contente, quando eu voltar para o Brazil para minha prova de conclusao de semestre.
Juntos, andamos ate o checkpoint para sair da cidade e, consequentemente, para o muro da fronteira. O tal muro construido por Israel para isolar a Cisjordania por motivos de seguranca.
Incrivel.
O muro e enorme e corta a cidade agressivamente, como um insulto. Nele, estao diversas manisfestacoes artisticas contra a ocupacao israelense. Fotografei varias delas, principalmente as mais famosas.
Andamos pelo muro por 30min e, entao, cruzamos o muro. Foi horrivel ver como alguns militares israelenses traram os palestinos (de novo, nao quero cair em reducionismo, e portanto nao vou generalizar esse comportamento a todos os militares ou todos os israelenses). Uma senha de oitenta anos nao conseguia passar pelo checkpoint, porque nao entendia porque tinha que colocar a mao num leitor optico, e enquanto isso a responsavel pela fronteira gritava com ela por meio de uma caixa de som -- nem se via o rosto dela.
Ajudamos a senhora a atravessar a fronteira, e fiquei pensando em como e que alguem nao se envergonha de tratar as pessoas assim na frente de outras pessoas, principalmente estrangeiros.
Do lado de fora, uma multidao esperava sua vez de serem humilhados.
Voltamos para Jerusalem, a cidade antiga, e me sinto muito bem aqui. Acho que de todos os lugares que conheci nessa viagem longa Jerusalem e o mais interessante. E o mais dificil de entender, tambem.
Quando sai de casa prometi a minha mae que nao iria para areas de conflito. Mas, desde entao, ja estive na fronteira com o Libano, nas Colinas de Gola e no deserto do Sinai. Hoje, foi o dia de -- inesperadamente -- visitar a Cisjordania.
A Ana, a Elisenda e duas outras voluntarias (a Valerie e a Jordan) decidiram que queriam ir para a Cisjordania, mais especificamente Hebron e Belem. No inicio relutei, porque muitas coisas ja foram ditas sobre essas cidades, nem todas elas coisas boas.
Mas uma coisa e certa -- eu estaria andando na superficie do problema se so conhecesse Israel e ignorasse a situacao do territorio palestino. Como quero conhecer o coracao do problema, ou pelo menos saber onde fica, decidi respirar fundo e ir adiante. Foi otimo.
Muito do que se diz sobre Hebron e Belem e verdade, evidentemente. Mas a impressao final que temos e distorcida, algo como o que acontece quando vemos o noticiario sobre Sao Paulo ou Rio de Janeiro -- os habitantes locais sempre entendem o problema de uma forma diferente.
Hebron fica no centro da Cisjordania e contem a mesquita de Abraao, ou seja, seu tumulo e o de sua esposa Sarah -- o local e sagrado para o islamismo, o cristianismo e o judaismo (as religioes abraamicas).
Depois da criacao dos assentamentos israelenses na cidade, os palestinos foram expulsos de suas casas e hoje vivem uma vida muitas vezes dificil e degradante. Tivemos a sorte de encontrar, por acaso, uma associacao crista pela paz da regiao, e do telhado da construcao o simpatico voluntario John nos mostrou a cidade e explicou onde e porque a situacao fica tensa.
Vimos, por exemplo, uma escola de meninas palestinas que fica no meio da area ocupada por Israel. Quando estao indo estudar, algumas das alunas sao apedrejadas por israelenses.
Vimos tambem uma base militar israelense que era, antes, uma estacao de onibus. Nao podiamos fotografa-la, fomos advertidos de que os militares nos tomariam as cameras. Mesmo assim, fotografamos -- as escondidas.
Em uma das ruas principais do mercado, ha um tela para evitar que o lixo jogado pelas janelas dos assentados isralenses caia nas cabecas dos palestinos que trabalham nas ruas.
Nao quero cair no reducionismo maniqueista que vi em tantos os que me precederam nessa visita. Nem Israel nem os palestinos estao agindo simplesmente por ma fe, e o conflito e muito mais profundo do que cabe a mim analisar. Mas ver tanta podridao com os proprios olhos embrulha o estomago...
A tensao politica e marcante, e ajuda a esvaziar a cidade que, sem turismo, caminha em direcao a morte. O mercado, por exemplo estava vazio. As palavras da Ana ficam da minha cabeca "um mercado morto e um mal sinal para uma cidade". Realmente.
Hoje a presenca militar na cidade e forte, ja que ha algo como dez anos um israelense entrou na mesquita de Abraao e matou 29 muculmanos que estavam fazendo suas oracoes.
Visitamos a tal mesquita -- onde, alias, fomos muito bem recebidos -- e almocamos um falafel delicioso. Durante o almoco, um grupo de criancas passou por nos cantando uma musica que dizia, em arabe, "Palestina livre!". Uma palestina sentou-se conosco e falou que nao gosta nem do Hamas e nem do Fatah, mas acredita que a uniao dos dois partidos e necessaria para a paz. O dono do restaurante discordou, e disse apoiar o Fatah -- um desenho com o rosto de Yasser Arafat, falecido lider da Autoridade Palestina, enfeitava seu restaurante.
Depois, Jordan e Valerie voltaram para Jerusalem e eu, Ana e Elisenda decidimos ir para Belem.
Belem
Belem e uma cidade grande e bonita. Me lembra bastante Jerusalem, mas muito mais arabe. La, visitamos a Igreja da Natividade -- onde Jesus Cristo teria nascido. Como a maioria dos leitores sabe, nao sou religioso, mas foi uma experiencia muito tocante -- a fe das multidoes e sempre impressionante, e milhares de anos de historia nao podem ser ignorados nem mesmo pelos mais ceticos.
Na Igreja da Natividade conhecemos dois militantes pelos direitos humanos, o Andres e a Ana. Eles vem da espanha, o que significa que ultimamente tenho treinado o pouco de espanhol que sei -- meu professor vai ficar contente, quando eu voltar para o Brazil para minha prova de conclusao de semestre.
Juntos, andamos ate o checkpoint para sair da cidade e, consequentemente, para o muro da fronteira. O tal muro construido por Israel para isolar a Cisjordania por motivos de seguranca.
Incrivel.
O muro e enorme e corta a cidade agressivamente, como um insulto. Nele, estao diversas manisfestacoes artisticas contra a ocupacao israelense. Fotografei varias delas, principalmente as mais famosas.
Andamos pelo muro por 30min e, entao, cruzamos o muro. Foi horrivel ver como alguns militares israelenses traram os palestinos (de novo, nao quero cair em reducionismo, e portanto nao vou generalizar esse comportamento a todos os militares ou todos os israelenses). Uma senha de oitenta anos nao conseguia passar pelo checkpoint, porque nao entendia porque tinha que colocar a mao num leitor optico, e enquanto isso a responsavel pela fronteira gritava com ela por meio de uma caixa de som -- nem se via o rosto dela.
Ajudamos a senhora a atravessar a fronteira, e fiquei pensando em como e que alguem nao se envergonha de tratar as pessoas assim na frente de outras pessoas, principalmente estrangeiros.
Do lado de fora, uma multidao esperava sua vez de serem humilhados.
Voltamos para Jerusalem, a cidade antiga, e me sinto muito bem aqui. Acho que de todos os lugares que conheci nessa viagem longa Jerusalem e o mais interessante. E o mais dificil de entender, tambem.
Novas cores
A francesa
Ontem Tel-Aviv ganhou um colorido novo, com a chegada da Delphine. Nao fizemos nada de especial, mas foi otimo -- a busquei na rodoviaria, ela se instalou no albergue, caminhamos por Jaffa, pela cidade, jantamos, conversamos, vimos o por do sol na praia e as luzes da cidade se acendendo.
Me lembro de uma musica do Chris Garneau que diz "I didn't go to see the city/I went to see it around you" ("nao fui ver a cidade, mas ve-la ao seu redor", em ingles). Foi mais ou menos uma coisa assim. A Delphine e uma otima amiga que agora deve estar em Paris se preparando para passar alguns meses no Marrocos. Vou sentir saudades, porque todas as lembrancas que tenho dela sao boas.
Nostalgia
A noite, sentamos no terraco do Old Jaffa Hostel e ficamos vendo as fotos que tiramos em Jerusalem, quando passamos pela cidade pela primeira vez. As imagens agora me parecem retratos de um passado remoto, e a nostalgia bate com uma intensidade nova dentro de mim. A foto do por-do-sol no cemiterio do Monte das Oliveiras vai ser sempre uma imagem cheia de felicidade, para mim, e da dor que sempre acompanha uma felicidade passada.
Novos planos
Foi por meio da Delphine que fiquei sabendo que a Ana e a Elisenda (se lembram delas) estavam em Jerusalem e ficarao na cidade ate sabado a noite. Estao acompanhadas de outros voluntarios do campo de trabalho. Nao pensei duas vezes -- peguei o trem das 5h30 da manha e vim encontra-las. O que significa que estou em Jerusalem -- estou ficando bom nisso de mudar de planos drasticamente, surpreendendo os meus leitores que sempre esperam ler uma coisa e leem outra.
Mas Jerusalem e o dia de hoje ficam para o post seguinte.
Ontem Tel-Aviv ganhou um colorido novo, com a chegada da Delphine. Nao fizemos nada de especial, mas foi otimo -- a busquei na rodoviaria, ela se instalou no albergue, caminhamos por Jaffa, pela cidade, jantamos, conversamos, vimos o por do sol na praia e as luzes da cidade se acendendo.
Me lembro de uma musica do Chris Garneau que diz "I didn't go to see the city/I went to see it around you" ("nao fui ver a cidade, mas ve-la ao seu redor", em ingles). Foi mais ou menos uma coisa assim. A Delphine e uma otima amiga que agora deve estar em Paris se preparando para passar alguns meses no Marrocos. Vou sentir saudades, porque todas as lembrancas que tenho dela sao boas.
Nostalgia
A noite, sentamos no terraco do Old Jaffa Hostel e ficamos vendo as fotos que tiramos em Jerusalem, quando passamos pela cidade pela primeira vez. As imagens agora me parecem retratos de um passado remoto, e a nostalgia bate com uma intensidade nova dentro de mim. A foto do por-do-sol no cemiterio do Monte das Oliveiras vai ser sempre uma imagem cheia de felicidade, para mim, e da dor que sempre acompanha uma felicidade passada.
Novos planos
Foi por meio da Delphine que fiquei sabendo que a Ana e a Elisenda (se lembram delas) estavam em Jerusalem e ficarao na cidade ate sabado a noite. Estao acompanhadas de outros voluntarios do campo de trabalho. Nao pensei duas vezes -- peguei o trem das 5h30 da manha e vim encontra-las. O que significa que estou em Jerusalem -- estou ficando bom nisso de mudar de planos drasticamente, surpreendendo os meus leitores que sempre esperam ler uma coisa e leem outra.
Mas Jerusalem e o dia de hoje ficam para o post seguinte.
terça-feira, 29 de julho de 2008
Justica seja feita
Ontem as 21h30 fui caminhar pela praia e pensar na vida. Eu tinha acabado de sair do cinema que fica no predio Opera Tower, onde funcionou o primeiro knesset (parlamento israelense). Assisti a Smart People, filme fraco mas interessante a sua maneira.
Sentei em uma pedra e fiquei olhando para as linguas do mediterraneo lambendo a areia da praia e percebi que estou sendo um pouco injusto com Tel-Aviv nos meus comentarios aqui no blog. A noite, com os calcadoes cheios de bares, pessoas e luzes, de repente entendi onde esta escondido o charme do tal coracao moderno de Israel -- e entendi em que ele e moderno, tambem.
Sentados nas pedras atras de mim, um grupo fazia musica usando tambores. Uma familia, um pouco adiante, assava carne em uma grelha. Namorados davam as maos e olhavam para o horizonte escurecido e para as poucas estrelas que venciam as nuvens e as luzes da cidade. Os mais energeticos faziam cooper ou andavam de bicicleta para gastar a energia que o dia de trabalho nao tinha dado conta de gastar.
Quanto a mim, caminhei devagar de volta para Jaffa, para o albergue, para o terraco, para dentro de mim, e entao para a minha cama. Acordei as 7h com a luz do sol entrando pelas janelas que nunca se fecham.
Sentei em uma pedra e fiquei olhando para as linguas do mediterraneo lambendo a areia da praia e percebi que estou sendo um pouco injusto com Tel-Aviv nos meus comentarios aqui no blog. A noite, com os calcadoes cheios de bares, pessoas e luzes, de repente entendi onde esta escondido o charme do tal coracao moderno de Israel -- e entendi em que ele e moderno, tambem.
Sentados nas pedras atras de mim, um grupo fazia musica usando tambores. Uma familia, um pouco adiante, assava carne em uma grelha. Namorados davam as maos e olhavam para o horizonte escurecido e para as poucas estrelas que venciam as nuvens e as luzes da cidade. Os mais energeticos faziam cooper ou andavam de bicicleta para gastar a energia que o dia de trabalho nao tinha dado conta de gastar.
Quanto a mim, caminhei devagar de volta para Jaffa, para o albergue, para o terraco, para dentro de mim, e entao para a minha cama. Acordei as 7h com a luz do sol entrando pelas janelas que nunca se fecham.
Em Tel-Aviv
Jornada
De Wadi Musa a Aqaba, na fronteira com a Jordania, foram 3h. Depois, cruzei a fronteira com a Joanna e a Ruth e consegui trocar meu ticket para Tel-Aviv, partindo imediatamente no onibus das 11h. As 16h30 cheguei ao albergue, fiz o check-in e sai para dar uma volta. Continuo surpreso com a calma e pequenez desta cidade que e o suposto centro moderno do Oriente Medio -- e decidi que logo que voltar ao Brasil eu vou passar um final de semana no Rio de Janeiro para me lembrar do que e uma praia de verdade.
De qualquer forma, estou feliz por estar em uma cidade facil, em que consigo encontrar internet, bares, cinemas e pessoas. Hoje devo assistir a um bom filme e beber cerveja na praia. Depois, vou voltar para o albergue e tentar arranjar companhia para os proximos dias -- meu plano e ficar aqui ate domingo, ja que Tel-Aviv e o lugar menos afetado pelo shabbath em Israel, e eu odeio quando as coisas fecham.
Amanha, a boa noticia e a chegada da Delphine, mesmo que seja por um dia so. Quero muito saber como foi o trabalho voluntario, no norte do pais. E tenho muita coisa para contar, tambem.
Movimento
Agora que estou longe de casa por 20 dias, estou comecando a entender melhor -- pelo menos um pouco -- o tema da viagem, tao caro a literatura e ao cinema. Fico pensando no Odisseu vagando pelo mundo sem telefone ou internet, sem noticias de casa e sem data para voltar.
Depois, me lembro dos filmes que, quando assisti, me trouxeram uma tristeza que, ate agora, eu nao sabia muito bem onde doia. Por exemplo, Encontros e Desencontros -- so de pensar no Bill Murray sozinho no Japao me da um aperto na garganta. Ou os recentes Na Natureza Selvagem e Um Beijo Roubado.
Queria entender por que, afinal, precisamos sair de casa, nos mover. Para onde queremos ir? Do que estamos fugindo? Por que temos pressa?
Cactus
As pessoas dizem que o israelense e como um cactus -- espinhento por fora, doce por dentro. Mas eu, por enquanto, nao observei nada que distinguisse os israelenses dos habitantes dos outros paises. Por todos os lugares em que estive as pessoas variavam entre mau e bom humor tanto quanto no Brasil ou qualquer lugar.
Border crossing
Mas talvez os espinhos estejam mais evidentes nas fronteiras do pais. Quando cruzei do Egito para Israel ou da Jordania para Israel tive que passar pelos famosos questionarios repetitivos. Em cada uma das vezes, respondi a pelo menos tres pessoas diferentes porque eu estava entrando em Israel. "Turismo" era a resposta padrao. Depois, precisei dar informacoes sobre as cidades que visitei e quero visitar, dizer se conheco alguem no pais, de onde conheco, quais sao seus nomes, etc etc etc, ate ser finalmente liberado.
Quando a direcao era a contraria (de Israel para o Egito e de Israel para a Jordania), fui bem recebido por militares que me perguntaram se eu gosto de futebol.
De Wadi Musa a Aqaba, na fronteira com a Jordania, foram 3h. Depois, cruzei a fronteira com a Joanna e a Ruth e consegui trocar meu ticket para Tel-Aviv, partindo imediatamente no onibus das 11h. As 16h30 cheguei ao albergue, fiz o check-in e sai para dar uma volta. Continuo surpreso com a calma e pequenez desta cidade que e o suposto centro moderno do Oriente Medio -- e decidi que logo que voltar ao Brasil eu vou passar um final de semana no Rio de Janeiro para me lembrar do que e uma praia de verdade.
De qualquer forma, estou feliz por estar em uma cidade facil, em que consigo encontrar internet, bares, cinemas e pessoas. Hoje devo assistir a um bom filme e beber cerveja na praia. Depois, vou voltar para o albergue e tentar arranjar companhia para os proximos dias -- meu plano e ficar aqui ate domingo, ja que Tel-Aviv e o lugar menos afetado pelo shabbath em Israel, e eu odeio quando as coisas fecham.
Amanha, a boa noticia e a chegada da Delphine, mesmo que seja por um dia so. Quero muito saber como foi o trabalho voluntario, no norte do pais. E tenho muita coisa para contar, tambem.
Movimento
Agora que estou longe de casa por 20 dias, estou comecando a entender melhor -- pelo menos um pouco -- o tema da viagem, tao caro a literatura e ao cinema. Fico pensando no Odisseu vagando pelo mundo sem telefone ou internet, sem noticias de casa e sem data para voltar.
Depois, me lembro dos filmes que, quando assisti, me trouxeram uma tristeza que, ate agora, eu nao sabia muito bem onde doia. Por exemplo, Encontros e Desencontros -- so de pensar no Bill Murray sozinho no Japao me da um aperto na garganta. Ou os recentes Na Natureza Selvagem e Um Beijo Roubado.
Queria entender por que, afinal, precisamos sair de casa, nos mover. Para onde queremos ir? Do que estamos fugindo? Por que temos pressa?
Cactus
As pessoas dizem que o israelense e como um cactus -- espinhento por fora, doce por dentro. Mas eu, por enquanto, nao observei nada que distinguisse os israelenses dos habitantes dos outros paises. Por todos os lugares em que estive as pessoas variavam entre mau e bom humor tanto quanto no Brasil ou qualquer lugar.
Border crossing
Mas talvez os espinhos estejam mais evidentes nas fronteiras do pais. Quando cruzei do Egito para Israel ou da Jordania para Israel tive que passar pelos famosos questionarios repetitivos. Em cada uma das vezes, respondi a pelo menos tres pessoas diferentes porque eu estava entrando em Israel. "Turismo" era a resposta padrao. Depois, precisei dar informacoes sobre as cidades que visitei e quero visitar, dizer se conheco alguem no pais, de onde conheco, quais sao seus nomes, etc etc etc, ate ser finalmente liberado.
Quando a direcao era a contraria (de Israel para o Egito e de Israel para a Jordania), fui bem recebido por militares que me perguntaram se eu gosto de futebol.
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Bob, o construtor
Amanha volto para Israel, e o Jerusalem Post ja esta falando em uma terceira intifada -- em vez de bombas, tratores. Da um certo aperto na boca do estomago. Recomendo este artigo relacionando os ataques ao personagem de desenho animado Bob, o Construtor (que saudades de cantar a musica-tema com a Carolzinha...).
Petra
Outback
Ontem passei a noite com uma companhia muito agradavel -- o John e a Fiona, ambos da Australia e com 24 anos. Eles namoram desde os 17 e estao viajando ha algo como cinco meses. Compraram um pacote turistico ao redor do mundo e, por enquanto, ja conheceram todo o sudeste asiatico e estao comecando a conhecer o Oriente Medio.
O John da aulas de mergulho em Melborne e a Fiona e gerente de uma cafeteria israelense. Dos paises que visitaram, o preferido foi a India. Eles acham que depois de 40 dias na India nenhum pais pode oferecer desafios a viajantes.
A Fiona esta com medo de voltar para casa e ver que todos seus amigos mudaram. Mas eu acho que, no final das contas, ela deve ter sido quem mais mudou.
De pedra
Acordei as 6h15, tomei um banho gelado -- praguejando horrores -- e encontrei o John e a Fiona na recepcao. Nos levaram de carro ate a entrada de Petra, onde comecamos nossa aventura de mais de 8h. Acho que foi o dia mais cansativo desde que deixei o Brasil.
Petra e uma cidade construida nas montanhas pelos nabateus ha dois milenios. Os nabateus controlavam, aparentemente, a rota de incenso que ia do Egito a Peninsula Arabica, e se tornaram bastante poderosos durante o imperio romano. Sua arquitetura tem um toque helenistico e romano sem deixar, porem, de incorporar um estilo proprio e bastante peculiar.
Grande parte do que ha hoje em Petra sao os templos e tumbas, todos esculpidos diretamente nas rochas -- as rochas sao de longe o mais interessante da cidade, com tantas cores e formas diferentes, indo do rosa ao laranja dependendo do local e da iluminacao. Das casas e demais construcoes, nao sobrou muita coisa.
A cidade havia sido abandonada ha mais de mil anos, depois de sucessivos terremotos e depois da rota do incenso ser transferida para o norte. As informacoes precisas nao tenho, porque essa historia e bastanet nova para mim, mas o interessante e que a cidade so foi redescoberta no sec. XIX por um aventureiro suico.
Certamente, andar por Petra foi muito mais interessante que pelo Monte Sinai e Masada, apesar de isso nao significar que as experiencias anteriores nao foram validas. As construcoes sao imensas e maravilhosas, aqui, e certamente merecem estar dentre as maravilhas da antiguidade. Nao sei se ofuscam as piramides, provavelmente nao, mas isso nao importa muito, no final das contas.
Petra esta recheada da primeira populacao local que aparenta ser genuina que vi nesta viagem. Beduinos moram em algumas das cavernas, tocam suas cabras e oferecem aluguel de mulas, cavalos e camelos para os turistas. Sao bastantes simpaticos e te chamam de "my friend", quando falam com voce. Comprei uma boneca de pano de uma velhinha muito interessante -- e praticamente o primeiro souvenir que compro em quase 20 dias, devido a falta de espaco na minha mala.
Quem estiver interessado em conhecer Petra deve ou estar bastante descansado, se quiser fazer tudo em um dia, como eu fiz, ou comprar o ticket duplo. Pessoalmente, prefiro fazer tudo em um dia, apesar do cansaco ser maior.
Das dezenas de atracoes do local, destaco tres. A primeira e famosa, porque apareceu no terceiro filme do Indiana Jones -- trata-se do Tesouro, uma construcao enorme que se revela ao visitante apos uma caminhada em um vale de montanhas altas. Tudo e gigante e a surpresa e sempre maior quando voce se lembra de que tudo aquilo foi esculpido na pedra embaixo do sol das arabias (alias, o sol e um grande problema e ajuda o cansaco a ganhar forcas).
A segunda recomendacao e o Lugar dos Sacrificios. Depois de uma bela escalada, voce consegue ter uma vista fantastica das montanhas em que a cidade foi construida. La, eram feitos sacrificios aos deuses pagaos dos nabateus, e ainda e possivel ver os canais por onde o sangue escorria.
Minha ultima sugestao e o Monasterio. Este esta apos uma LONGA subida em uma escada de mais de 800 degraus. Nao e para fracos ou reclamoes. Mas vale a pena. O Monasterio foi utilizado, centenas de anos depois, pelos bizantinos, e trata-se de um local magnificamente grande. Fiquei hipnotizado pela porta, tentando imaginar porque era tao grande -- talvez para dar passagem a deuses e espiritos hoje esquecidos.
Ha muitas outras coisas a se ver, e claro. O anfiteatro, por exemplo. Ou ate mesmo o museu de arqueologia, o que demanda uma certa concentracao para ler as explicacoes detalhadas. Mas, mais do que ver, o importante em Petra e sentir -- sentir as rochas mudando de cor conforme o sol, a imponencia da paisagem, a antiguidade do local, a tristeza de uma cidade-fantasma, a pobreza da populacao local, o sol escaldante. O cansaco.
As 16h, voltamos para a cidade.
Companhia?
Enquanto estavamos em Petra, fizemos amizade com duas nova-iorquinas, a Joanna e a Ruth. A Joanna e formada em literatura inglesa, mas nao sei o que a Ruth faz. Talvez voltemos juntos para Aqaba, amanha, para rachar um taxi para a fronteira com Israel. E, mais uma vez, dizer adeus -- mas acho que estou ficando bom nisso.
Ontem passei a noite com uma companhia muito agradavel -- o John e a Fiona, ambos da Australia e com 24 anos. Eles namoram desde os 17 e estao viajando ha algo como cinco meses. Compraram um pacote turistico ao redor do mundo e, por enquanto, ja conheceram todo o sudeste asiatico e estao comecando a conhecer o Oriente Medio.
O John da aulas de mergulho em Melborne e a Fiona e gerente de uma cafeteria israelense. Dos paises que visitaram, o preferido foi a India. Eles acham que depois de 40 dias na India nenhum pais pode oferecer desafios a viajantes.
A Fiona esta com medo de voltar para casa e ver que todos seus amigos mudaram. Mas eu acho que, no final das contas, ela deve ter sido quem mais mudou.
De pedra
Acordei as 6h15, tomei um banho gelado -- praguejando horrores -- e encontrei o John e a Fiona na recepcao. Nos levaram de carro ate a entrada de Petra, onde comecamos nossa aventura de mais de 8h. Acho que foi o dia mais cansativo desde que deixei o Brasil.
Petra e uma cidade construida nas montanhas pelos nabateus ha dois milenios. Os nabateus controlavam, aparentemente, a rota de incenso que ia do Egito a Peninsula Arabica, e se tornaram bastante poderosos durante o imperio romano. Sua arquitetura tem um toque helenistico e romano sem deixar, porem, de incorporar um estilo proprio e bastante peculiar.
Grande parte do que ha hoje em Petra sao os templos e tumbas, todos esculpidos diretamente nas rochas -- as rochas sao de longe o mais interessante da cidade, com tantas cores e formas diferentes, indo do rosa ao laranja dependendo do local e da iluminacao. Das casas e demais construcoes, nao sobrou muita coisa.
A cidade havia sido abandonada ha mais de mil anos, depois de sucessivos terremotos e depois da rota do incenso ser transferida para o norte. As informacoes precisas nao tenho, porque essa historia e bastanet nova para mim, mas o interessante e que a cidade so foi redescoberta no sec. XIX por um aventureiro suico.
Certamente, andar por Petra foi muito mais interessante que pelo Monte Sinai e Masada, apesar de isso nao significar que as experiencias anteriores nao foram validas. As construcoes sao imensas e maravilhosas, aqui, e certamente merecem estar dentre as maravilhas da antiguidade. Nao sei se ofuscam as piramides, provavelmente nao, mas isso nao importa muito, no final das contas.
Petra esta recheada da primeira populacao local que aparenta ser genuina que vi nesta viagem. Beduinos moram em algumas das cavernas, tocam suas cabras e oferecem aluguel de mulas, cavalos e camelos para os turistas. Sao bastantes simpaticos e te chamam de "my friend", quando falam com voce. Comprei uma boneca de pano de uma velhinha muito interessante -- e praticamente o primeiro souvenir que compro em quase 20 dias, devido a falta de espaco na minha mala.
Quem estiver interessado em conhecer Petra deve ou estar bastante descansado, se quiser fazer tudo em um dia, como eu fiz, ou comprar o ticket duplo. Pessoalmente, prefiro fazer tudo em um dia, apesar do cansaco ser maior.
Das dezenas de atracoes do local, destaco tres. A primeira e famosa, porque apareceu no terceiro filme do Indiana Jones -- trata-se do Tesouro, uma construcao enorme que se revela ao visitante apos uma caminhada em um vale de montanhas altas. Tudo e gigante e a surpresa e sempre maior quando voce se lembra de que tudo aquilo foi esculpido na pedra embaixo do sol das arabias (alias, o sol e um grande problema e ajuda o cansaco a ganhar forcas).
A segunda recomendacao e o Lugar dos Sacrificios. Depois de uma bela escalada, voce consegue ter uma vista fantastica das montanhas em que a cidade foi construida. La, eram feitos sacrificios aos deuses pagaos dos nabateus, e ainda e possivel ver os canais por onde o sangue escorria.
Minha ultima sugestao e o Monasterio. Este esta apos uma LONGA subida em uma escada de mais de 800 degraus. Nao e para fracos ou reclamoes. Mas vale a pena. O Monasterio foi utilizado, centenas de anos depois, pelos bizantinos, e trata-se de um local magnificamente grande. Fiquei hipnotizado pela porta, tentando imaginar porque era tao grande -- talvez para dar passagem a deuses e espiritos hoje esquecidos.
Ha muitas outras coisas a se ver, e claro. O anfiteatro, por exemplo. Ou ate mesmo o museu de arqueologia, o que demanda uma certa concentracao para ler as explicacoes detalhadas. Mas, mais do que ver, o importante em Petra e sentir -- sentir as rochas mudando de cor conforme o sol, a imponencia da paisagem, a antiguidade do local, a tristeza de uma cidade-fantasma, a pobreza da populacao local, o sol escaldante. O cansaco.
As 16h, voltamos para a cidade.
Companhia?
Enquanto estavamos em Petra, fizemos amizade com duas nova-iorquinas, a Joanna e a Ruth. A Joanna e formada em literatura inglesa, mas nao sei o que a Ruth faz. Talvez voltemos juntos para Aqaba, amanha, para rachar um taxi para a fronteira com Israel. E, mais uma vez, dizer adeus -- mas acho que estou ficando bom nisso.
Fotos de Petra
domingo, 27 de julho de 2008
Jordania
A Clarissa perguntou, no post anterior, se a solidao tem prejudicado a minha experiencia. Acho que nao. Pelo contrario, ate. Numa experiencia como esta que estou tendo, acho que estamos sujeitos a muitas sensacoes e sentimentos que vem e vao, e nos ultimos dias acho que tenho encarado bem a coisa toda.
No final da equacao, e bastante obvio para mim que essa esta sendo uma das experiencias mais importantes da minha vida, ate agora.
Bom, estou na Jordania, no momento. Especificamente, em Wadi Musa, uma cidadezinha proxima da fronteira com Israel. A geografia e maravilhosa e repleta de montanhas, e tudo e pequeno e pacato, sem deixar de ter vida, porem. Uma das cidades mais agradaveis por que passei ate agora.
Estou hospedado no Valentine's Inn, um lugar mega bacana em que paguei por um quarto com cama de casal e banheiro so para mim. Me custou JD 28 pelos dois dias, incluindo o jantar, o que deve significar uns R$ 60. La, conheci um casal australiano muito simpatico de Melborne. Mas esqueci o nome deles, entao vou deixar para fazer o perfil no proximo post.
Tudo parece OK, lendo o post, mas eu tive bastantes problemas ate chegar aqui, apesar de, pela primeira vez na viagem, nao ter ficado aflito com isso.
Quando cruzei a fronteira de Israel com a Jordania eu ja senti que a coisa ia ser complicada. Para variar, tudo arido e vazio demais. Entao, taxistas malandros querendo te engambelar, ate que finalmente me juntei a uma familia alema-polonesa e rachamos um taxi ate Aqaba.
Assustador. Aqaba dever ser a cidade menos atrativa da minha viagem. Fica na costa do mar vermelho, mas nao ha absolutamente nada a ser visto ou a ser feito. A cidade e pobre, pequena e feia, e as pessoas nao tiveram a menor boa vontade conosco. Os alemaes-poloneses nao conseguiam encontrar o hotel deles e eu nao achava o ponto de onibus, e todo mundo para quem pediamos informacao tentava nos enganar de alguma maneira.
Por uns bons minutos, pensei "OK, isso nao vai dar certo". Mas 1h30 depois eu encontrei uma lotacao que ia para Ma'an, um pouco ao norte, e logo la estava eu no meio de uma multidao de arabes espremidos -- e so eu falava ingles.
2h depois, cheguei a Ma'an -- uma cidade minuscula e pouco amistosa. Sentei, respirei fundo e me acalmei. Depois, peguei um taxi ate Wadi Musa, o que nao foi tao caro -- algo como R$ 20.
E ca estou eu. Vou relaxar, ler, conversar com o pessoal do albergue -- amiguinhos! -- e amanha passarei a manha e a tarde em Petra. Estou ansioso, porque varias pessoas ja me disseram que e um dos lugares mais bonitos do planeta e mais incriveis tambem. "E melhor que as piramides", para o John, do Quebec (onde estara ele, agora?).
Terca-feira volto para Tel-Aviv. Estou animadao, porque a Delphine me ligou e vamos tentar nos encontrar la na quarta-feira e passar o dia juntos. Que saudades sinto desta que foi uma das melhores companhias da viagem, juntamente com a Ingrid!
No final da equacao, e bastante obvio para mim que essa esta sendo uma das experiencias mais importantes da minha vida, ate agora.
Bom, estou na Jordania, no momento. Especificamente, em Wadi Musa, uma cidadezinha proxima da fronteira com Israel. A geografia e maravilhosa e repleta de montanhas, e tudo e pequeno e pacato, sem deixar de ter vida, porem. Uma das cidades mais agradaveis por que passei ate agora.
Estou hospedado no Valentine's Inn, um lugar mega bacana em que paguei por um quarto com cama de casal e banheiro so para mim. Me custou JD 28 pelos dois dias, incluindo o jantar, o que deve significar uns R$ 60. La, conheci um casal australiano muito simpatico de Melborne. Mas esqueci o nome deles, entao vou deixar para fazer o perfil no proximo post.
Tudo parece OK, lendo o post, mas eu tive bastantes problemas ate chegar aqui, apesar de, pela primeira vez na viagem, nao ter ficado aflito com isso.
Quando cruzei a fronteira de Israel com a Jordania eu ja senti que a coisa ia ser complicada. Para variar, tudo arido e vazio demais. Entao, taxistas malandros querendo te engambelar, ate que finalmente me juntei a uma familia alema-polonesa e rachamos um taxi ate Aqaba.
Assustador. Aqaba dever ser a cidade menos atrativa da minha viagem. Fica na costa do mar vermelho, mas nao ha absolutamente nada a ser visto ou a ser feito. A cidade e pobre, pequena e feia, e as pessoas nao tiveram a menor boa vontade conosco. Os alemaes-poloneses nao conseguiam encontrar o hotel deles e eu nao achava o ponto de onibus, e todo mundo para quem pediamos informacao tentava nos enganar de alguma maneira.
Por uns bons minutos, pensei "OK, isso nao vai dar certo". Mas 1h30 depois eu encontrei uma lotacao que ia para Ma'an, um pouco ao norte, e logo la estava eu no meio de uma multidao de arabes espremidos -- e so eu falava ingles.
2h depois, cheguei a Ma'an -- uma cidade minuscula e pouco amistosa. Sentei, respirei fundo e me acalmei. Depois, peguei um taxi ate Wadi Musa, o que nao foi tao caro -- algo como R$ 20.
E ca estou eu. Vou relaxar, ler, conversar com o pessoal do albergue -- amiguinhos! -- e amanha passarei a manha e a tarde em Petra. Estou ansioso, porque varias pessoas ja me disseram que e um dos lugares mais bonitos do planeta e mais incriveis tambem. "E melhor que as piramides", para o John, do Quebec (onde estara ele, agora?).
Terca-feira volto para Tel-Aviv. Estou animadao, porque a Delphine me ligou e vamos tentar nos encontrar la na quarta-feira e passar o dia juntos. Que saudades sinto desta que foi uma das melhores companhias da viagem, juntamente com a Ingrid!
Refil
A Tereza estava certissima. A vida nos devolve constantemente o que perdemos, mesmo que seja em outra moeda. Ontem no internet caffe conheci o John, 22, do Quebec (Canada) e tivemos uma noite muito bacana, juntos.
Por acaso, ele estava no mesmo albergue que eu. Jantamos, conversamos e ele tocou violao ate as 24h -- eu nao dormia desde as 6h do dia anterior, mas nao queria desperdicar a companhia de uma pessoa tao especial.
O John estuda geografia e esta ha 4 meses em Israel viajando e trabalhando em kibutzim. Me deixou muito feliz, quando falou sobre como entende sua propria solidao -- ele a descreveu como eu descreveria a minha. Quis me tranquilizar e disse que o primeiro mes e sempre o pior e que voce acaba se acostumando, mas eu percebi que ele ainda nao se acostumou, no final das contas. Disse que, antes de me encontrar, estava pensando em como seria ruim passar a noite de ontem sozinho.
Antes de vir para Israel, me contou, era a favor dos israelenses e contra os palestinos, numa visao bastante maniqueista. Hoje, porem, ve o conflito em mais camadas e tem muitas criticas ao governo e ao povo israelense. "Os italianos nao pensam que sao romanos, porque os judeus acham que estao continuando a historia de dois mil anos atras?", reclamou.
Enquanto tocava violao, fiquei pensando na quantidade de pessoas bacanas e diferente que ja conheci. De repente, ficou muito obvia a importancia desta viagem para o meu crescimento. Mas eu ainda acho que so vou ter nocao da dimensao da mudanca interior quando voltar para o Brasil, para os bracos da rotina -- a rotina parece tao maravilhosa, vista de longe...
A viagem do John, assim como a minha, tem muito de auto-conhecimento e desafio pessoal. Talvez por isso eu tenha me identificado tanto com ele. Estar consigo tem sido um desafio muito mais grave que atravessar fronteiras e enfrentar culturas distintas das nossas.
Mas temos vencido.
Daqui a pouco, o John vai para o kibutz e eu vou para Petra (Jordania). "It's a neverending goodbye", ele definiu acertadamente. Bom, "goodbye", John, espero que voce e eu facamos uma boa viagem.
Por acaso, ele estava no mesmo albergue que eu. Jantamos, conversamos e ele tocou violao ate as 24h -- eu nao dormia desde as 6h do dia anterior, mas nao queria desperdicar a companhia de uma pessoa tao especial.
O John estuda geografia e esta ha 4 meses em Israel viajando e trabalhando em kibutzim. Me deixou muito feliz, quando falou sobre como entende sua propria solidao -- ele a descreveu como eu descreveria a minha. Quis me tranquilizar e disse que o primeiro mes e sempre o pior e que voce acaba se acostumando, mas eu percebi que ele ainda nao se acostumou, no final das contas. Disse que, antes de me encontrar, estava pensando em como seria ruim passar a noite de ontem sozinho.
Antes de vir para Israel, me contou, era a favor dos israelenses e contra os palestinos, numa visao bastante maniqueista. Hoje, porem, ve o conflito em mais camadas e tem muitas criticas ao governo e ao povo israelense. "Os italianos nao pensam que sao romanos, porque os judeus acham que estao continuando a historia de dois mil anos atras?", reclamou.
Enquanto tocava violao, fiquei pensando na quantidade de pessoas bacanas e diferente que ja conheci. De repente, ficou muito obvia a importancia desta viagem para o meu crescimento. Mas eu ainda acho que so vou ter nocao da dimensao da mudanca interior quando voltar para o Brasil, para os bracos da rotina -- a rotina parece tao maravilhosa, vista de longe...
A viagem do John, assim como a minha, tem muito de auto-conhecimento e desafio pessoal. Talvez por isso eu tenha me identificado tanto com ele. Estar consigo tem sido um desafio muito mais grave que atravessar fronteiras e enfrentar culturas distintas das nossas.
Mas temos vencido.
Daqui a pouco, o John vai para o kibutz e eu vou para Petra (Jordania). "It's a neverending goodbye", ele definiu acertadamente. Bom, "goodbye", John, espero que voce e eu facamos uma boa viagem.
sábado, 26 de julho de 2008
Monte Sinai
Ascencao
Quando o guia me buscou no Intercontinental, em Taba, e ficou sabendo que eu ia fazer o passeio de 12h sem ter dormido ele me deu uma bronca. "You're gonna kill yourself, you know?".
Eu sabia. Mas se nao fosse hoje, nao seria nunca, porque o passeio so acontece de sabados e quartas-feiras, e nao quero estar na fronteira no meio da semana -- Eilat me faz muito mal, nao me adapto a esse clima de cidade pequena costeira (ainda mais hoje, que e shabbath e tudo esta fechado!).
Bom, subir o Monte Sinai foi lindo -- preciso comecar dizendo isso. O grupo tinha, mais ou menos, 20 pessoas e cada um carregava uma lanterna. Subimos por 3h ate o topo da montanha, serpentando por caminhos e pedras. Nao eramos os unicos, e se olhassemos para tras veriamos um rio de luzes, quase como se fosse um engarrafamento.
No escuro, a paisagem se escondia de nos, e so podiamos adivinha-la pelas formas e sombras que, uma vez acostumados com a falta de luz, comecavamos a distinguir.
Alguns beduinos locais alugavam camelos para os preguicosos, e o cheiro de excremento e urina contaminava o ar, deixando tudo com um aroma azedo misturado a poeira levantada pelos nossos pes.
Quando chegamos ao topo, exaustos (eu, a cada minuto que passava, rezando para nao desmaiar de cansaco), estava um frio danado. Alugamos cobertores e ficamos esperando o sol preguicoso sair de detras das montanhas. O vento forte e gelado jogava poeira nos nossos olhos, e quem tentava fotografar com flash so capturava a imagem de graos flutuando no ar, refletindo a luz.
Finalmente, o horizonte pegou fogo, anunciando o rei que estava por vir. O ceu estrelado se pintou de um degrade de azul. Quando o disco laranja despontou no meio da neblina, a multidao bateu palmas, emocionadas. Peregrinos japoneses cantavam "aleluia".
Aos poucos, a paisagem finalmente se revelou e vimos as gigantes montanhas desgastadas, com rochas de formatos incomuns. Como em Masada, a vista era dramatica e emocionante -- principalmente dada a historia do lugar: la, Moises teria recebido os dez mandamentos.
Foram 1h30 de descida e logo nos enfiamos no Mosteiro de Santa Catarina, o mais antigo do mundo, do comeco da era crista. Um bom exemplo de tolerancia religiosa -- e sagrado para judeus, cristaos e muculmanos.
La dentro, esta a sarca ardente que Moises teria visto quando conversou com Deus. Perguntei ao guia se era possivel que fosse, realmente, a mesma planta, e ele me olhou com um olhar de desprezo horrivel.
Mas ele estava certo. Nao aprendi nada lendo a respeito de teologia. Com essa pergunta, misturei a dimensao da razao (logos) com a do mito (mythos) -- coisa que nao leva a lugar nenhum, no que diz respeito a religiao.
Na volta para Eilat, senti um pouco da solidao entrar em mim de novo. Entendi parte do motivo quando alguem no onibus comentou que o caminho so tinha "cidades fantasmas", ou seja, um monte de construcoes abandonadas ou nem mesmo terminadas. A sensacao que se tira de visoes como estas e aterradora.
Nao me dou bem com Eilat, como eu ja disse no comeco do post. Mas estou me forcando a ficar aqui, principalmente porque ainda quero ir a Petra. E porque quero vencer essas frescuras.
Hoje ate fui para a praia-balada -- em que vc nao consegue sentar ao sol sem ouvir a musica eletronica ensurdecedora e ver garconetes semi-nuas servindo os surfistas locais. Eu ja tinha sido advertido para nao vir para ca, mas fui teimoso.
O que salvou o dia, por incrivel que pareca, foi encontrar uma livraria aberta no shabbath. Conversei com o tadinho do vendedor, que teve que ouvir tudo o que nao falei nos ultimos dias, e depois comprei mais um livro (terminei de ler Giovanni's Room hoje.
A lanhouse acabou de abrir e ca estou eu. Espero conseguir colocar as fotos. Caso contrario, fica para uma proxima.
Acho que vou ter companhia para hoje a noite. Ha um canadense do meu lado e senti que temos o que conversar -- e uma pena que ele ja tenha ido a Petra, caso contrario poderiamos ir juntos.
Enfim. Desafiar os augurios!
(estou percebendo que o movimento aqui tem diminuido... Me digam do que voces sentem falta, mas nao me abandonem!).
Eu sabia. Mas se nao fosse hoje, nao seria nunca, porque o passeio so acontece de sabados e quartas-feiras, e nao quero estar na fronteira no meio da semana -- Eilat me faz muito mal, nao me adapto a esse clima de cidade pequena costeira (ainda mais hoje, que e shabbath e tudo esta fechado!).
Bom, subir o Monte Sinai foi lindo -- preciso comecar dizendo isso. O grupo tinha, mais ou menos, 20 pessoas e cada um carregava uma lanterna. Subimos por 3h ate o topo da montanha, serpentando por caminhos e pedras. Nao eramos os unicos, e se olhassemos para tras veriamos um rio de luzes, quase como se fosse um engarrafamento.
No escuro, a paisagem se escondia de nos, e so podiamos adivinha-la pelas formas e sombras que, uma vez acostumados com a falta de luz, comecavamos a distinguir.
Alguns beduinos locais alugavam camelos para os preguicosos, e o cheiro de excremento e urina contaminava o ar, deixando tudo com um aroma azedo misturado a poeira levantada pelos nossos pes.
Quando chegamos ao topo, exaustos (eu, a cada minuto que passava, rezando para nao desmaiar de cansaco), estava um frio danado. Alugamos cobertores e ficamos esperando o sol preguicoso sair de detras das montanhas. O vento forte e gelado jogava poeira nos nossos olhos, e quem tentava fotografar com flash so capturava a imagem de graos flutuando no ar, refletindo a luz.
Finalmente, o horizonte pegou fogo, anunciando o rei que estava por vir. O ceu estrelado se pintou de um degrade de azul. Quando o disco laranja despontou no meio da neblina, a multidao bateu palmas, emocionadas. Peregrinos japoneses cantavam "aleluia".
Aos poucos, a paisagem finalmente se revelou e vimos as gigantes montanhas desgastadas, com rochas de formatos incomuns. Como em Masada, a vista era dramatica e emocionante -- principalmente dada a historia do lugar: la, Moises teria recebido os dez mandamentos.
Foram 1h30 de descida e logo nos enfiamos no Mosteiro de Santa Catarina, o mais antigo do mundo, do comeco da era crista. Um bom exemplo de tolerancia religiosa -- e sagrado para judeus, cristaos e muculmanos.
La dentro, esta a sarca ardente que Moises teria visto quando conversou com Deus. Perguntei ao guia se era possivel que fosse, realmente, a mesma planta, e ele me olhou com um olhar de desprezo horrivel.
Mas ele estava certo. Nao aprendi nada lendo a respeito de teologia. Com essa pergunta, misturei a dimensao da razao (logos) com a do mito (mythos) -- coisa que nao leva a lugar nenhum, no que diz respeito a religiao.
Na volta para Eilat, senti um pouco da solidao entrar em mim de novo. Entendi parte do motivo quando alguem no onibus comentou que o caminho so tinha "cidades fantasmas", ou seja, um monte de construcoes abandonadas ou nem mesmo terminadas. A sensacao que se tira de visoes como estas e aterradora.
Nao me dou bem com Eilat, como eu ja disse no comeco do post. Mas estou me forcando a ficar aqui, principalmente porque ainda quero ir a Petra. E porque quero vencer essas frescuras.
Hoje ate fui para a praia-balada -- em que vc nao consegue sentar ao sol sem ouvir a musica eletronica ensurdecedora e ver garconetes semi-nuas servindo os surfistas locais. Eu ja tinha sido advertido para nao vir para ca, mas fui teimoso.
O que salvou o dia, por incrivel que pareca, foi encontrar uma livraria aberta no shabbath. Conversei com o tadinho do vendedor, que teve que ouvir tudo o que nao falei nos ultimos dias, e depois comprei mais um livro (terminei de ler Giovanni's Room hoje.
A lanhouse acabou de abrir e ca estou eu. Espero conseguir colocar as fotos. Caso contrario, fica para uma proxima.
Acho que vou ter companhia para hoje a noite. Ha um canadense do meu lado e senti que temos o que conversar -- e uma pena que ele ja tenha ido a Petra, caso contrario poderiamos ir juntos.
Enfim. Desafiar os augurios!
(estou percebendo que o movimento aqui tem diminuido... Me digam do que voces sentem falta, mas nao me abandonem!).
Mascara da morte
Meu pai me perguntou de sentir energias no Cairo. Nao entrei nas piramides, mas aconteceu uma coisa muito curiosa no museu de egiptologia.
Passando pela mascara funeraria de Tutankhamon, parei e decidi olhar nos olhos dele. Senti um calafrio e fiquei uns bons minutos pensando no antigo Egito e no universo. Sai dali e fui para a sala seguinte.
Na saida do museu, a Yasmin veio conversar comigo. Disse que tinha olhado nos olhos da mascara e sentido alguma coisa diferente -- me perguntou se eu havia tido a mesma experiencia, e rimos, juntos, da coincidencia.
Hoje, olhei para a costa egipcia aqui no Golfo de Aqaba e fiquei imaginando a Christine, com seus 55 anos, de paraquedas, amarrada a uma lancha. Espero que o passeio tenha dado certo. Amanha, a familia volta para a Inglaterra, e eu persisto aqui.
Passando pela mascara funeraria de Tutankhamon, parei e decidi olhar nos olhos dele. Senti um calafrio e fiquei uns bons minutos pensando no antigo Egito e no universo. Sai dali e fui para a sala seguinte.
Na saida do museu, a Yasmin veio conversar comigo. Disse que tinha olhado nos olhos da mascara e sentido alguma coisa diferente -- me perguntou se eu havia tido a mesma experiencia, e rimos, juntos, da coincidencia.
Hoje, olhei para a costa egipcia aqui no Golfo de Aqaba e fiquei imaginando a Christine, com seus 55 anos, de paraquedas, amarrada a uma lancha. Espero que o passeio tenha dado certo. Amanha, a familia volta para a Inglaterra, e eu persisto aqui.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Fotos!
Egito!
OK. Tenho 50min para fazer um post gigante e postar milhares de fotos. Espero que eu consiga! Estou no Intercontinental Hotel, em Taba (fronteira do Egito com Israel) -- vou ficar com a familia inglesa aqui ate as 23h, quando embarcarei para minha proxima viagem: o monte Sinai, onde Moises recebeu os 10 mandamentos. Sim, eu sei que isso significa que vou ficar 36h acordado e que vou fazer uma caminhada de 2h30 e blablabla. Mas nao parar e maravilhoso, ajuda a nao pensar em solidao.
Eu devo explicacoes. No ultimo post acho que deixei transparecer um pouco de tristeza. Mas e natural. Estou ha quase 20 dias sozinho, conversando com pessoas que somem no dia seguinte, procurando albergues e lugares baratos para comer, falando em ingles 24h por dia. Sim, tem um pouco de exagero nisso tudo -- mas eu sou assim, e o que eu sou tem sido amplificado. Em Eilat, por exemplo, tive momentos de desespero e quis muito voltar para o Brasil. Agora, estou mais calmo e mais animado para continuar aqui -- ou ir para Roma passar mais alguns dias la. As vezes e dificil achar forca, principalmente quando penso que em casa tenho meus pais e meus amigos para dividirem comigo os bons e maus momentos -- e, aqui, nao tenho ninguem.
Mas uma frase da minha mae fica na minha cabeca: "voce esta sozinho, mas nao e sozinho". Faz toda a diferenca.
E ha uma frase de uma colega de trabalho, tambem importante: "aceite o desafio". Penso nisso o dia todo, mesmo que ache que o desafio eu ja aceitei e ja cumpri -- o que vier e lucro.
Enfim.
Hoje acordamos cedo e fomos a um dos pontos cruciais da aventura: as piramides de Gize. O que posso dizer? As fotos devem falar por si mesmas. Mas foi animal. Elas sao enormes... Andei de camelo, tambem, o que foi no minimo divertido (os camelos sao os reis da regiao, os mais adaptados e os mais altivos, na minha opiniao). E vi a esfinge. Tudo isso naquele deserto lindo.
Nosso guia, o Ahmad, foi quem me deu o primeiro sinal da gravidade do conflito arabe-israelense. Estavamos no bazaar e eu lhe perguntei se ele ja tinha estado em Israel. Ele desfez o sorriso -- dissimulado, alias -- e me perguntou o que ha em Israel para ser visto. Eu enumerei algumas coisas e perguntei se ele nao gostava do pais. "Nao e uma questao de nao gostar", ele me respondeu. "Eu odeio Israel", completou. Nos seus olhos, vi uma faisca assustadora de raiva e intolerancia. Me arrependi de ter contado que eu estive em Israel e que vou voltar para la.
O mesmo vale para o Osama, 24, outro dos nossos guias. Sempre que menciono Israel ele enrudece. O assunto nao parece bem vindo aqui, e vou parar de tocar nele -- por mais que eu fique curioso.
Enfim -- depois das piramides, fomos ao Khan el Kalili, supostamente o mais e mais antigo mercado do mundo. Preciso confirmar as informacoes, mas e de fato um mercado muito bacana. Diferente do de Jerusalem, menos turistico e mais genuino, acredito. As lojas sao, tambem, mais organizadas. O cheiro nao e o mesmo (nada de paprica e incenso, nem de schwerma ou falafel -- na verdade, em algumas partes cheira a lixo). O Egito e um pais repleto de facetas, mas boa parte delas sao pobres demais.
Sentamos em um cafe para relaxar. Os ingleses, obviamente, tomaram cha com leite. Eu experimentei o cafe turco que, infelizmente, deixou muito a desejar em relacao ao cafe turco do Yuval e seus amigos, na Galileia.
E interessante, conforme meu editor ja tinha me avisado, observar com os muculmanos do Egito sao diferentes dos de Israel. Em tudo. Nas roupas, por exemplo -- aqui, os costumes sao seguidos mais a risca, imagino. No comportamente ortodoxo tambem -- um senhor gritou ate nao poder mais com a Yasmin porque ela estava fumando, o que nao e permitido para uma mulher.
Na piscina, ontem, vimos uma cena incrivel, alias, que me esqueci de comentar. Uma mulher entrando na piscina totalmente coberta de roupas, outra de burca. Os ingleses me disseram que na praia e normal ver mulheres de burca indo ate a agua.
Depois do Khan el Kalili voltamos para a imensidao vazia do Sinai, em direcao a Taba. Numa das unicas paradas no caminho, o banheiro era um buraco no chao os habitantes ao nosso redor eram, na sua maioria, cabras selvagens comendo lixo.
Estar no Egito foi fantastico. E ter pago para a agencia de turismo foi a melhor ideia que tive nos ultimos dias, porque incluiu, finalmente, um pouco de luxo -- hotel cinco estrelas e, o mais importante, companhia. Vou sentir falta da Yasmin, a Christine, a Izabel e o Adam, de verdade.
A mensagem que fica do Egito, porem, e a seguinte: preciso voltar aqui mais uma vez e conhecer o restante do pais. Mas, desta proxima vez, provavelmente acompanhado.
Eu devo explicacoes. No ultimo post acho que deixei transparecer um pouco de tristeza. Mas e natural. Estou ha quase 20 dias sozinho, conversando com pessoas que somem no dia seguinte, procurando albergues e lugares baratos para comer, falando em ingles 24h por dia. Sim, tem um pouco de exagero nisso tudo -- mas eu sou assim, e o que eu sou tem sido amplificado. Em Eilat, por exemplo, tive momentos de desespero e quis muito voltar para o Brasil. Agora, estou mais calmo e mais animado para continuar aqui -- ou ir para Roma passar mais alguns dias la. As vezes e dificil achar forca, principalmente quando penso que em casa tenho meus pais e meus amigos para dividirem comigo os bons e maus momentos -- e, aqui, nao tenho ninguem.
Mas uma frase da minha mae fica na minha cabeca: "voce esta sozinho, mas nao e sozinho". Faz toda a diferenca.
E ha uma frase de uma colega de trabalho, tambem importante: "aceite o desafio". Penso nisso o dia todo, mesmo que ache que o desafio eu ja aceitei e ja cumpri -- o que vier e lucro.
Enfim.
Hoje acordamos cedo e fomos a um dos pontos cruciais da aventura: as piramides de Gize. O que posso dizer? As fotos devem falar por si mesmas. Mas foi animal. Elas sao enormes... Andei de camelo, tambem, o que foi no minimo divertido (os camelos sao os reis da regiao, os mais adaptados e os mais altivos, na minha opiniao). E vi a esfinge. Tudo isso naquele deserto lindo.
Nosso guia, o Ahmad, foi quem me deu o primeiro sinal da gravidade do conflito arabe-israelense. Estavamos no bazaar e eu lhe perguntei se ele ja tinha estado em Israel. Ele desfez o sorriso -- dissimulado, alias -- e me perguntou o que ha em Israel para ser visto. Eu enumerei algumas coisas e perguntei se ele nao gostava do pais. "Nao e uma questao de nao gostar", ele me respondeu. "Eu odeio Israel", completou. Nos seus olhos, vi uma faisca assustadora de raiva e intolerancia. Me arrependi de ter contado que eu estive em Israel e que vou voltar para la.
O mesmo vale para o Osama, 24, outro dos nossos guias. Sempre que menciono Israel ele enrudece. O assunto nao parece bem vindo aqui, e vou parar de tocar nele -- por mais que eu fique curioso.
Enfim -- depois das piramides, fomos ao Khan el Kalili, supostamente o mais e mais antigo mercado do mundo. Preciso confirmar as informacoes, mas e de fato um mercado muito bacana. Diferente do de Jerusalem, menos turistico e mais genuino, acredito. As lojas sao, tambem, mais organizadas. O cheiro nao e o mesmo (nada de paprica e incenso, nem de schwerma ou falafel -- na verdade, em algumas partes cheira a lixo). O Egito e um pais repleto de facetas, mas boa parte delas sao pobres demais.
Sentamos em um cafe para relaxar. Os ingleses, obviamente, tomaram cha com leite. Eu experimentei o cafe turco que, infelizmente, deixou muito a desejar em relacao ao cafe turco do Yuval e seus amigos, na Galileia.
E interessante, conforme meu editor ja tinha me avisado, observar com os muculmanos do Egito sao diferentes dos de Israel. Em tudo. Nas roupas, por exemplo -- aqui, os costumes sao seguidos mais a risca, imagino. No comportamente ortodoxo tambem -- um senhor gritou ate nao poder mais com a Yasmin porque ela estava fumando, o que nao e permitido para uma mulher.
Na piscina, ontem, vimos uma cena incrivel, alias, que me esqueci de comentar. Uma mulher entrando na piscina totalmente coberta de roupas, outra de burca. Os ingleses me disseram que na praia e normal ver mulheres de burca indo ate a agua.
Depois do Khan el Kalili voltamos para a imensidao vazia do Sinai, em direcao a Taba. Numa das unicas paradas no caminho, o banheiro era um buraco no chao os habitantes ao nosso redor eram, na sua maioria, cabras selvagens comendo lixo.
Estar no Egito foi fantastico. E ter pago para a agencia de turismo foi a melhor ideia que tive nos ultimos dias, porque incluiu, finalmente, um pouco de luxo -- hotel cinco estrelas e, o mais importante, companhia. Vou sentir falta da Yasmin, a Christine, a Izabel e o Adam, de verdade.
A mensagem que fica do Egito, porem, e a seguinte: preciso voltar aqui mais uma vez e conhecer o restante do pais. Mas, desta proxima vez, provavelmente acompanhado.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Mudanca de humor
Eu estava um pouco mal, hoje. Ansioso, nervoso, sozinho. Acho que a tarde em Eilat nao me fez bem. Mas e incrivel como mudei de estado de espirito, apos algumas conversas ao telefone e apos tentar o que parece quase impossivel em se tratando de mim -- relaxar.
Tive uma tarde agradabilissima na piscina, hoje. Sim, na piscina. Nada de andar por ai, ver coisas, gastar a sola do sapato. Trata-se de uma situacao totalmente inedita na minha vida, e maravilhosa.
Conheci um casal brasileiro e pude, finalmente, conversar em portugues. Ficamos um bom tempo trocando experiencias de viagem e consegui convence-los a conhecer Jerusalem. E impressionante o quanto uma conversa pode mudar o destino de uma pessoa -- quer dizer, se eles forem mesmo para Jerusalem, eu terei tido um papel importante em uma memoria fundamental deles.
Fico me lembrando de como me decidi a vir para ca. Uma conversa com um professor, e entao um pensamento de "por que nao?". Depois, um amigo dando apoio e, por ultimo, um guia de presente de natal. Foi o suficiente. E ca estou eu, totalmente modificado, por dentro e por fora.
Se valeu a pena? E claro que sim.
E ainda esta valendo. A viagem tem mais 18 dias pela frente, se eu nao desistir no meio do caminho -- o que continua a ser uma possibilidade, por mais que possa soar covarde.
Eu e os ingleses tomamos, hoje no entardecer, vinho olhando a vista que nao podia ser melhor -- estamos separados das piramides de Gize por apenas uma avenida. Inesquecivel.
Foi quando Christine contou-me sua vida inteira ate seus atuais 55 anos, incluindo um beijo aos 7, quando jogava bolinhas de gude.
Vou sentir falta dessa familia energetica.
Tive uma tarde agradabilissima na piscina, hoje. Sim, na piscina. Nada de andar por ai, ver coisas, gastar a sola do sapato. Trata-se de uma situacao totalmente inedita na minha vida, e maravilhosa.
Conheci um casal brasileiro e pude, finalmente, conversar em portugues. Ficamos um bom tempo trocando experiencias de viagem e consegui convence-los a conhecer Jerusalem. E impressionante o quanto uma conversa pode mudar o destino de uma pessoa -- quer dizer, se eles forem mesmo para Jerusalem, eu terei tido um papel importante em uma memoria fundamental deles.
Fico me lembrando de como me decidi a vir para ca. Uma conversa com um professor, e entao um pensamento de "por que nao?". Depois, um amigo dando apoio e, por ultimo, um guia de presente de natal. Foi o suficiente. E ca estou eu, totalmente modificado, por dentro e por fora.
Se valeu a pena? E claro que sim.
E ainda esta valendo. A viagem tem mais 18 dias pela frente, se eu nao desistir no meio do caminho -- o que continua a ser uma possibilidade, por mais que possa soar covarde.
Eu e os ingleses tomamos, hoje no entardecer, vinho olhando a vista que nao podia ser melhor -- estamos separados das piramides de Gize por apenas uma avenida. Inesquecivel.
Foi quando Christine contou-me sua vida inteira ate seus atuais 55 anos, incluindo um beijo aos 7, quando jogava bolinhas de gude.
Vou sentir falta dessa familia energetica.
Cairo
Estou no Cairo usando a internet mais cara do mundo, no hotel. Sim, eu sei que eu ia pra Petra. Mas mudei de ideia. Uma das vantagens de estar sozinho, a deriva.
Paguei para uma companhia de turismo pela viagem para ca. Volto amanha de madrugada. Decidi fazer isso -- impulsivamente -- porque adorei a ideia de um onibus privado, um hotel, um guia e, acima de tudo, companhia.
Meus companheiros sao a Yasmin, 35, sua mae Christine, 55 e seus filhos Adam, 8, e Izabel, 6. Sao da Inglaterra, de Yorkshire. Adoraveis.
Quando comentei com a Christine que eu sinto falta de conversar, ela sorriu aquele sorriso de matrona inglesa de romance de costumes e disse: "dont worry. We talk".
O caminho pelo Sinai e maravilhoso, mas a paisagem e exaustivamente repetitiva. Primeiro, o caminho serpenteia pelas montanhas (snake way). Depois, as rochas vao amolecendo e, aos poucos, vao se tornando dunas lisas e enrrugadas como lencois marrom-claros.
Fizemos uma parada proximo ao canal de Suez, onde as criancas brincaram com os egipcios locais de atirarem os chinelos uns nos outros -- elas sao maravilhosamente vivas. Depois, continuamos pelo deserto em que nao se ve nada, so as enormes estacoes de eletricidade e seus fios.
Quando chegamos ao Cairo, fomos ao museu egipcio. Fantastico. Vimos os sarcofagos do Tutankamon, alem de muuuuuitos outros itens de egiptologia. O nosso guia e muito culto e nos explicou muitas coisas. Um dos pontos mais altos foi, e claro, ver os babuinos mumuficados -- para quem nao sabe, adoro babuinos.
Em seguinda, fomos a um mercado de coisas de algodao egipcio. E uma pena que eu nao possa comprar nada, porque estou de mochilao. Comprei so uma sunga, para usar aqui na piscina. A Yasmin comprou uma roupa de dancarina do ventre para a pequena Izabel.
A Yasmin, diga-se de passagem, adora nadar. Ja foi salva-vidas e, hoje, da aulas de natacao para criancas. Tambem ja foi gerente de hotel. E uma mulher muito simpatica.
A cidade do Cairo e maravilhosa. Cheia de vida, diferentemente de Tel-Aviv. Enorme, como Sao Paulo, e repleta de pobreza tambem. Estou hospedado no Sofitel, na frente das piramides -- que sao, alias, lindas. Mas as piramides vao ficar para amanha, e eu fico por aqui. As fotos nao sei quando vou conseguir colocar. A internet e um absurdo de cara.
O rio Nilo e enorme e cheio de vida, assim como a cidade. E incrivel ver como as construcoes e as pessoas surgem ao redor da agua -- a dadiva da civilizacao egipcio, como ja se disse tantas vezes.
Vejo voces no proximo post!
Paguei para uma companhia de turismo pela viagem para ca. Volto amanha de madrugada. Decidi fazer isso -- impulsivamente -- porque adorei a ideia de um onibus privado, um hotel, um guia e, acima de tudo, companhia.
Meus companheiros sao a Yasmin, 35, sua mae Christine, 55 e seus filhos Adam, 8, e Izabel, 6. Sao da Inglaterra, de Yorkshire. Adoraveis.
Quando comentei com a Christine que eu sinto falta de conversar, ela sorriu aquele sorriso de matrona inglesa de romance de costumes e disse: "dont worry. We talk".
O caminho pelo Sinai e maravilhoso, mas a paisagem e exaustivamente repetitiva. Primeiro, o caminho serpenteia pelas montanhas (snake way). Depois, as rochas vao amolecendo e, aos poucos, vao se tornando dunas lisas e enrrugadas como lencois marrom-claros.
Fizemos uma parada proximo ao canal de Suez, onde as criancas brincaram com os egipcios locais de atirarem os chinelos uns nos outros -- elas sao maravilhosamente vivas. Depois, continuamos pelo deserto em que nao se ve nada, so as enormes estacoes de eletricidade e seus fios.
Quando chegamos ao Cairo, fomos ao museu egipcio. Fantastico. Vimos os sarcofagos do Tutankamon, alem de muuuuuitos outros itens de egiptologia. O nosso guia e muito culto e nos explicou muitas coisas. Um dos pontos mais altos foi, e claro, ver os babuinos mumuficados -- para quem nao sabe, adoro babuinos.
Em seguinda, fomos a um mercado de coisas de algodao egipcio. E uma pena que eu nao possa comprar nada, porque estou de mochilao. Comprei so uma sunga, para usar aqui na piscina. A Yasmin comprou uma roupa de dancarina do ventre para a pequena Izabel.
A Yasmin, diga-se de passagem, adora nadar. Ja foi salva-vidas e, hoje, da aulas de natacao para criancas. Tambem ja foi gerente de hotel. E uma mulher muito simpatica.
A cidade do Cairo e maravilhosa. Cheia de vida, diferentemente de Tel-Aviv. Enorme, como Sao Paulo, e repleta de pobreza tambem. Estou hospedado no Sofitel, na frente das piramides -- que sao, alias, lindas. Mas as piramides vao ficar para amanha, e eu fico por aqui. As fotos nao sei quando vou conseguir colocar. A internet e um absurdo de cara.
O rio Nilo e enorme e cheio de vida, assim como a cidade. E incrivel ver como as construcoes e as pessoas surgem ao redor da agua -- a dadiva da civilizacao egipcio, como ja se disse tantas vezes.
Vejo voces no proximo post!
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Eilat
Uma viagem de quase 5h no deserto marrom me trouxe a Eilat, cidade que ainda nao explorei e, portanto, nao descreverei hoje. Foi otimo acordar e decidir, na hora, fazer essa aventura.
Foi um pouco dificil chegar a estacao central, comprar o bilhete e, depois de nao chegar a tempo na plataforma certa, ter que troca-lo. Principalmente porque as pessoas so falam ingles quando voce nao precisa delas -- caso contrario, a frase "ani loh medaber anglit" (eu nao falo ingles, em hebraico) vira um hino.
No caminho, vi um redemoinho de areia no meio do deserto. Me lembrou de um momento da minha infancia de que nunca esqueco -- um redemoinho de folhas secas no meu sitio, em uma tarde daquelas que, por ter acontecido ha tanto tempo, traz em si uma magia irredutivel.
Estou com saudades das minhas avos, do meu avo, dos tios, primos e das macarronadas de domingo. As coisas ganham outra cor, quando estao tao longe de nos.
O deserto do Neguev e diferente do que cerca Jerusalem. Em vez de branco, e marrom. Alguns camelos podem ser vistos, se voce prestar atencao -- eu prestei a viagem inteira, nao consegui dorir. Estou nervoso, nao sei porque.
Tentarei ir a Petra amanha. Vamos ver se consigo.
Foi um pouco dificil chegar a estacao central, comprar o bilhete e, depois de nao chegar a tempo na plataforma certa, ter que troca-lo. Principalmente porque as pessoas so falam ingles quando voce nao precisa delas -- caso contrario, a frase "ani loh medaber anglit" (eu nao falo ingles, em hebraico) vira um hino.
No caminho, vi um redemoinho de areia no meio do deserto. Me lembrou de um momento da minha infancia de que nunca esqueco -- um redemoinho de folhas secas no meu sitio, em uma tarde daquelas que, por ter acontecido ha tanto tempo, traz em si uma magia irredutivel.
Estou com saudades das minhas avos, do meu avo, dos tios, primos e das macarronadas de domingo. As coisas ganham outra cor, quando estao tao longe de nos.
O deserto do Neguev e diferente do que cerca Jerusalem. Em vez de branco, e marrom. Alguns camelos podem ser vistos, se voce prestar atencao -- eu prestei a viagem inteira, nao consegui dorir. Estou nervoso, nao sei porque.
Tentarei ir a Petra amanha. Vamos ver se consigo.
terça-feira, 22 de julho de 2008
Jaffa
Ontem no entardecer fiz um passeio pela cidade de Jaffa -- que foi engolida por Tel-Aviv. E um local bastante agradavel, e o unico do complexo Tel-Aviv/Jaffa que tem alguma historia e algumas lendas. Napoleao passou por aqui, por exemplo, e ha diversas estatuas dele pela cidade apontando locais de interesse historico.
A cidade me lembrou bastante Jerusalem. Exceto pelo fato de que as ruas, aqui, estao sempre vazias, o que jamais acontece la. Outra coisa em comum sao os gatos de rua infestando os becos sem saida -- comeco a sentir falta deles rocando a minha perna, pedindo por comida, conforme eu andava pelo Cardo ou pelas ruas do bairro muculmano. Jerusalem e fantastico.
Tao fantastico que estou cansado de Tel-Aviv e daqui a meia hora parto daqui. Estou sozinho demais para me divertir indo a praia ou a bares ou o que quer que seja. Acho que vou estar mais feliz diante de maravilhas da natureza e da historia -- como deve ser o caso de Petra, na Jordania, meu proximo destino (antes, vou passar em Eilat, a ultima cidade ao sul).
Oui
Eu devo ter sido frances em outra encarnacao. E a unica explicacao para eu so conseguir fazer amizade com franceses, nesta viagem. Primeiro foi a Delphine, depois o Eric, e agora os primos Pierre, 20, e Louis, 22 (completados hoje!).
Os dois estudam Direito em Paris, mas em diferentes universidades. Sao um pouco junkies -- o Louis diz que nao -- e eu acho que, se estivessemos em uma situacao cotidiana, nunca teriamos conversado como amigos. Mas conversamos das 19h as 22h30, sentados no terraco do albergue, olhando para o mediterraneo e para os poucos predios de Tel-Aviv. Pierre nao gosta de cidades grandes, enquanto eu, alem de gostar, acho que Tel-Aviv de grande so tem a auto-estima.
O Pierre esta com um lenco amarrado no pescoco e tem o cabelo baguncado. Ja o Louis esta ficando careca, tem um jeito cansado de falar e me lembra o Crock, amigo de infancia do meu irmao. Gostei deles.
Os dois votaram no Sarkozy mas estao decepcionados com o resultado do governo. Acham que 68 foi mais bagunca que politica. Pierre tem medo de cobras e Louis, de tubaroes. Vieram para Israel para ver a pluralidade religiosa e como ela se resolve em conflito.
E engracado como os dois tem opinioes parecidas, agindo sempre numa especie de conformidade. Acho que vou sempre me lembrar deles como "os primos Pierre e Louis", mas jamais como duas pessoas distintas -- talvez porque tudo que eu va ter deles para o resto da minha vida va ser a lembranca de um fim de dia bebendo Maccabee no terraco do Old Jaffa Hostel.
Ontem no entardecer fiz um passeio pela cidade de Jaffa -- que foi engolida por Tel-Aviv. E um local bastante agradavel, e o unico do complexo Tel-Aviv/Jaffa que tem alguma historia e algumas lendas. Napoleao passou por aqui, por exemplo, e ha diversas estatuas dele pela cidade apontando locais de interesse historico.
A cidade me lembrou bastante Jerusalem. Exceto pelo fato de que as ruas, aqui, estao sempre vazias, o que jamais acontece la. Outra coisa em comum sao os gatos de rua infestando os becos sem saida -- comeco a sentir falta deles rocando a minha perna, pedindo por comida, conforme eu andava pelo Cardo ou pelas ruas do bairro muculmano. Jerusalem e fantastico.
Tao fantastico que estou cansado de Tel-Aviv e daqui a meia hora parto daqui. Estou sozinho demais para me divertir indo a praia ou a bares ou o que quer que seja. Acho que vou estar mais feliz diante de maravilhas da natureza e da historia -- como deve ser o caso de Petra, na Jordania, meu proximo destino (antes, vou passar em Eilat, a ultima cidade ao sul).
Oui
Eu devo ter sido frances em outra encarnacao. E a unica explicacao para eu so conseguir fazer amizade com franceses, nesta viagem. Primeiro foi a Delphine, depois o Eric, e agora os primos Pierre, 20, e Louis, 22 (completados hoje!).
Os dois estudam Direito em Paris, mas em diferentes universidades. Sao um pouco junkies -- o Louis diz que nao -- e eu acho que, se estivessemos em uma situacao cotidiana, nunca teriamos conversado como amigos. Mas conversamos das 19h as 22h30, sentados no terraco do albergue, olhando para o mediterraneo e para os poucos predios de Tel-Aviv. Pierre nao gosta de cidades grandes, enquanto eu, alem de gostar, acho que Tel-Aviv de grande so tem a auto-estima.
O Pierre esta com um lenco amarrado no pescoco e tem o cabelo baguncado. Ja o Louis esta ficando careca, tem um jeito cansado de falar e me lembra o Crock, amigo de infancia do meu irmao. Gostei deles.
Os dois votaram no Sarkozy mas estao decepcionados com o resultado do governo. Acham que 68 foi mais bagunca que politica. Pierre tem medo de cobras e Louis, de tubaroes. Vieram para Israel para ver a pluralidade religiosa e como ela se resolve em conflito.
E engracado como os dois tem opinioes parecidas, agindo sempre numa especie de conformidade. Acho que vou sempre me lembrar deles como "os primos Pierre e Louis", mas jamais como duas pessoas distintas -- talvez porque tudo que eu va ter deles para o resto da minha vida va ser a lembranca de um fim de dia bebendo Maccabee no terraco do Old Jaffa Hostel.
Fotos -- Domingo\Segunda-feira
Fotos
Nao vou conseguir colocar as fotos agora. A lanhouse em que estou e muito ruim e meu tempo esta acabando. Vou almocar, tomar sol e, a tarde, preciso voltar para o albergue para pagar minha estadia -- ontem nao havia ninguem para receber o dinheiro. Quem sabe la nao consigo colocar as imagens...
Tel-Aviv
Esta claro para mim que o estado psicologico afeta a primeira impressao que voce tem da cidade. Ontem a noite, com pouco dinheiro no bolso, perdido no meio da cidade, odiei Tel-Aviv. Hoje, conforme andei pela praia e vi a metropole acordar, fui diminuindo meu mal estar. Ainda estou um pouco desconfortavel, mas e a mesma sensacao que eu tinha em Roma e em Jerusalem nos primeiros dias, entao estou me importando menos com ela.
A praia de Tel-Aviv parece a do Rio de Janeiro, mas sem a paisagem estonteante. As ruas para dentro parecem SP, mas sem o sopro quente de vida. Mas e exatamente dessas ausencias que surge uma cidade bastante unica, e bastante excepcional se voce considerar as demais da regiao. Assim como Jerusalem, Tel-Aviv precisa ser desvendada aos poucos, e ainda estou longe disso.
Achei a cidade bem menos cosmopolita do que e anunciado. Menos bancos, menos predios, menos pessoas, menos lojas, menos internet points. Mas a areia e macia, a agua e morna e o sol brilha delicioso, no ceu. E, aos poucos, estou descobrindo em que ruas andar, para ver as coisas que vim ver.
Mas uma coisa esta obvia -- para quem vem de Sao Paulo e acabou de chegar de Roma, Tel-Aviv e uma cidade pequena e pacata e vazia de significado historico. O que nao e necessariamente ruim, apenas diferente do esperado.
Vamos ver o que as proximas horas trazem.
A praia de Tel-Aviv parece a do Rio de Janeiro, mas sem a paisagem estonteante. As ruas para dentro parecem SP, mas sem o sopro quente de vida. Mas e exatamente dessas ausencias que surge uma cidade bastante unica, e bastante excepcional se voce considerar as demais da regiao. Assim como Jerusalem, Tel-Aviv precisa ser desvendada aos poucos, e ainda estou longe disso.
Achei a cidade bem menos cosmopolita do que e anunciado. Menos bancos, menos predios, menos pessoas, menos lojas, menos internet points. Mas a areia e macia, a agua e morna e o sol brilha delicioso, no ceu. E, aos poucos, estou descobrindo em que ruas andar, para ver as coisas que vim ver.
Mas uma coisa esta obvia -- para quem vem de Sao Paulo e acabou de chegar de Roma, Tel-Aviv e uma cidade pequena e pacata e vazia de significado historico. O que nao e necessariamente ruim, apenas diferente do esperado.
Vamos ver o que as proximas horas trazem.
Segunda-feira
Acordei com o som do Yuval batendo na porta e com os corvos grasnando. A noite foi tao boa que sonhei -- se bem que foi um pesadelo horrivel. Tomamos cafe da manha e, entao, fomos ao rio Dan (um dos afluentes do Jordao). Curtimos a agua gelada que vem do degelo das montanhas libanesas e, depois, almocamos no Dag al hadan ("peixe no Dan", em hebraico).
Seguimos para outro afluente do Jordao e la tomamos o cafe turco do dia -- o Ran tem um fogaozinho so para esquentar a agua. Mais tarde, o Yuval e a Daniela me deixaram em Hadera, na estacao de onibus, e seguiram adiante para a casa dos pais dela.
Peguei o onibus para Tel-Aviv, o que foi, ate agora, certamente a experiencia mais aterrorizante da viagem. Cheguei a metropole as 22h e nao sabia o que fazer. Precisei ligar para o albergue para pedir que nao fechassem a recepcao e tratei de descobrir como se chegava la. A estacao de onibus de Tel-Aviv e enorme, tem diversos andares, mas estava vazia -- as pessoas nao falam ingles, como em Jerusalem, e tampouco estao dispostas a te ajudar.
Em tudo, Tel-Aviv me parece ser uma cidade dificil. Como Sao Paulo. Pensei, por alguns instantes, que eu tinha me metido em uma fria das grandes. Mas, com muito auto-controle, consegui chegar ao albergue, onde me hospedaram em uma "tenda de beduino" -- o que e um eufemismo para um colchao no telhado.
Reclamacoes a parte, o albergue e bem bacana. Quando cheguei, estava acontecendo uma festinha no telhado, e o banheiro e o chuveiro sao bem melhores que os do albergue de Roma ou do de Jerusalem. E foi otimo acordar de manhazinha com o sol majestoso dando bom dia ao mediterraneo -- que posso ver da sacada, onde estou dormindo.
Mas Tel-Aviv fica para o proximo post.
Galileia
Domingo
O Yuval me buscou de carro na cidade velha e comecamos uma viagem maravilhosa. Foi otimo estar com israelenses, e nao com turistas e, assim, conhecer um pouco melhor o pais que se esconde por detras dos pamfletos e propagandas. Melhor ainda foi estar com pessoas tao criticas e tao politizadas, que puderam me dar uma boa nocao de como funcionam as coisas nos bastidores, aqui.
Primeiro fomos para Hadera, ao norte de Tel-Aviv, onde moram os pais da Daniela, esposa do Yuval. Deixamos a Lucy, cadela deles, la. Depois, fomos a Binyamina visitar o pai da Daniela -- ele e um artesao muito talentoso, conheci o estudio dele.
Em seguida, encontramos o Ran e a Sarah em Beit Shearim, um sitio arqueologico repleto de cavernas, onde esta enterrado o Rabino Yehuda Hanassi -- figura importantissima da historia do pais. O Ran e a Sarah sao historiadores e vao se mudar daqui a duas semanas para o Texas, para concluirem suas teses, etc. Sao um pouco intelectualoides demais, mas foram sempre muito atenciosos comigo.
Passamos a tarde em um riacho que desagua no Kineret (o mar da Galileia). Andamos dentro da agua, em cima das pedras geladas, cercados pelo silencio e pelo ar fresco. Estou aprendendo que o tipico passeio israelense sempre envolve algum lugar com agua -- item de luxo, aqui. O tipico passeio israelense envolve, tambem, um bom cafe turco -- nao sei porque nao temos cafe turco no Brasil, e tao gostoso, tao forte, e nos que nos gabamos de saber fazer cafe! O cafe turco do domingo tomamos na beira do rio Jordao, sentados no meio do mato, sozinhos, com vista para as Colinas de Gola. Estavamos acompanhados papelas por pontes militares estacionadas, como guerreiros ou artefatos de guerra adormecidos, esperando pelo som das trombetas da batalha. Prontidao.
Em seguida, nos dirigimos para o Dedo da Galileia -- um pedaco de terra que invade o Libano e as Colinas de Gola. No caminho, vimos placas com avisos de "perigo, minas terrestres" -- restos da guerra com a Siria, convenientes demais para serem retiradas tao cedo, dada a sua posicao estrategica.
As colinas, no verao, tem um amarelo leonino irresistivel. O Jordao corre apressado, e pudemos ver, nas suas beiradas, raposas e carangueijos, alem de um animal que parecia ser um castor. Aves trinavam, alegres.
(Foi nesse momento que percebi que sentir falta de alguem quando voce esta sozinho e triste e solidao, mas sentir falta se voce esta feliz e acompanhado so pode ser amor).
Nosso ponto final, no domingo, foi a cidade de Metulla. O avo do Yuval ajudou a fundar esta cidade que e a mais ao norte dentro de Israel, cercada pelo Libano por tres lados. E uma cidade pequena e montanhosa, algo como Campos do Jordao, mas menos movimentado. Nesta noite, aluguei um quarto em uma casa e dormi, pela primeira vez em mais de 10 dias, em uma cama gostosa, com um banheiro so para mim. Televisao, ar condicionado, etc etc etc.
Dormi embalado pelo som dos ventos uivantes que nao paravam de soprar, um lamento pela ruina de Beirute.
O Yuval me buscou de carro na cidade velha e comecamos uma viagem maravilhosa. Foi otimo estar com israelenses, e nao com turistas e, assim, conhecer um pouco melhor o pais que se esconde por detras dos pamfletos e propagandas. Melhor ainda foi estar com pessoas tao criticas e tao politizadas, que puderam me dar uma boa nocao de como funcionam as coisas nos bastidores, aqui.
Primeiro fomos para Hadera, ao norte de Tel-Aviv, onde moram os pais da Daniela, esposa do Yuval. Deixamos a Lucy, cadela deles, la. Depois, fomos a Binyamina visitar o pai da Daniela -- ele e um artesao muito talentoso, conheci o estudio dele.
Em seguida, encontramos o Ran e a Sarah em Beit Shearim, um sitio arqueologico repleto de cavernas, onde esta enterrado o Rabino Yehuda Hanassi -- figura importantissima da historia do pais. O Ran e a Sarah sao historiadores e vao se mudar daqui a duas semanas para o Texas, para concluirem suas teses, etc. Sao um pouco intelectualoides demais, mas foram sempre muito atenciosos comigo.
Passamos a tarde em um riacho que desagua no Kineret (o mar da Galileia). Andamos dentro da agua, em cima das pedras geladas, cercados pelo silencio e pelo ar fresco. Estou aprendendo que o tipico passeio israelense sempre envolve algum lugar com agua -- item de luxo, aqui. O tipico passeio israelense envolve, tambem, um bom cafe turco -- nao sei porque nao temos cafe turco no Brasil, e tao gostoso, tao forte, e nos que nos gabamos de saber fazer cafe! O cafe turco do domingo tomamos na beira do rio Jordao, sentados no meio do mato, sozinhos, com vista para as Colinas de Gola. Estavamos acompanhados papelas por pontes militares estacionadas, como guerreiros ou artefatos de guerra adormecidos, esperando pelo som das trombetas da batalha. Prontidao.
Em seguida, nos dirigimos para o Dedo da Galileia -- um pedaco de terra que invade o Libano e as Colinas de Gola. No caminho, vimos placas com avisos de "perigo, minas terrestres" -- restos da guerra com a Siria, convenientes demais para serem retiradas tao cedo, dada a sua posicao estrategica.
As colinas, no verao, tem um amarelo leonino irresistivel. O Jordao corre apressado, e pudemos ver, nas suas beiradas, raposas e carangueijos, alem de um animal que parecia ser um castor. Aves trinavam, alegres.
(Foi nesse momento que percebi que sentir falta de alguem quando voce esta sozinho e triste e solidao, mas sentir falta se voce esta feliz e acompanhado so pode ser amor).
Nosso ponto final, no domingo, foi a cidade de Metulla. O avo do Yuval ajudou a fundar esta cidade que e a mais ao norte dentro de Israel, cercada pelo Libano por tres lados. E uma cidade pequena e montanhosa, algo como Campos do Jordao, mas menos movimentado. Nesta noite, aluguei um quarto em uma casa e dormi, pela primeira vez em mais de 10 dias, em uma cama gostosa, com um banheiro so para mim. Televisao, ar condicionado, etc etc etc.
Dormi embalado pelo som dos ventos uivantes que nao paravam de soprar, um lamento pela ruina de Beirute.
Campo minado nas Colinas de Gola
Novo amigo
No sabado a noite conheci o Eric, 27. Ele vem da Franca e mora em Paris. O pai e frances e a mae, holandesa. E formado em historia e parece ser bastante culto. Da aula para criancas e, talvez por isso, e um rapaz muito simpatico e carinhoso com todo mundo. Gosta de conversar sobre bobagens e adorou ficar em Tel-Aviv curtindo a praia e as garotas. Talvez ele me acompanhe, a manha, a Eilat e, em seguida, a Petra -- na Jordania. Tomara que consigamos viajar juntos mesmo, porque ele parece ser uma boa pessoa e uma otima companhia.
sábado, 19 de julho de 2008
Remanescencias e reminescencias
Eu estou sempre me esquecendo de anotar aqui alguns detalhes. Como a visita ao convento Ecce Homo, onde Poncio Pilatos teria dito "eis o homem!", apresentando Jesus Cristo para a multidao -- a Delphine estava hospedada la, e pagando alguns shekels e possivel visitar as ruinas de cisternas romanas maravilhosas.
Tambem me esqueci de dizer que hoje de tarde fui ao Festival Internacional de Cinema de Jerusalem -- a esposa do Yuval conseguiu ingresso de graca, para mim. Assisti a um filme iraniano maravilhoso sobre mudanca de sexo, ao qual a plateia aplaudiu (acho que todos os israelenses estavam pensando na sorte que tem em morarem em um pais democratico...).
Amanha vou viajar com o Yuval, a esposa dele e alguns amigos para o norte do pais, talvez a Galileia. Estou empolgado -- e otimo estar com pessoas que conhecem as coisas. Na segunda-feira, vou pra Tel-Aviv, finalmente. Nao sei quando vou poder atualizar novamente!
Se voces estiverem sentindo falta de alguma coisa, tiverem alguma duvida, fiquem a vontade para me pedirem para escrever a respeito. Afinal de contas, o que e o jornalista, se nao um contador de historias?
Tambem me esqueci de dizer que hoje de tarde fui ao Festival Internacional de Cinema de Jerusalem -- a esposa do Yuval conseguiu ingresso de graca, para mim. Assisti a um filme iraniano maravilhoso sobre mudanca de sexo, ao qual a plateia aplaudiu (acho que todos os israelenses estavam pensando na sorte que tem em morarem em um pais democratico...).
Amanha vou viajar com o Yuval, a esposa dele e alguns amigos para o norte do pais, talvez a Galileia. Estou empolgado -- e otimo estar com pessoas que conhecem as coisas. Na segunda-feira, vou pra Tel-Aviv, finalmente. Nao sei quando vou poder atualizar novamente!
Se voces estiverem sentindo falta de alguma coisa, tiverem alguma duvida, fiquem a vontade para me pedirem para escrever a respeito. Afinal de contas, o que e o jornalista, se nao um contador de historias?
Em cima do muro
Hoje eu fiz o Rampart's Walk -- uma caminhada literalmente em cima das muralhas antigas de Jerusalem, construidas por Suleiman ha quase cinco seculos. Foi bastante cansativo, quase 2h pra la e pra ca. Mas foi incrivel, porque me permitiu ver a cidade de um novo angulo -- espiar os jardins das casas e a vida cotidiana que nao transparece para o turista que se limita ao suq e aos locais historicos.
Fiquei chocado com a falta de preocupacao com a conservacao do patrimonio historico. As casas nascem por meio das ruinas, interferindo no registro da passagem do tempo e criando paisagens nao tao bonitas, como esta da foto acima.
Para estudantes, o Rampart's Walk custa NIS 8 e comeca no portao de Jaffa ou no de Damasco. Vale a pena.
Fiquei chocado com a falta de preocupacao com a conservacao do patrimonio historico. As casas nascem por meio das ruinas, interferindo no registro da passagem do tempo e criando paisagens nao tao bonitas, como esta da foto acima.
Para estudantes, o Rampart's Walk custa NIS 8 e comeca no portao de Jaffa ou no de Damasco. Vale a pena.