terça-feira, 22 de julho de 2008

Galileia

Domingo

O Yuval me buscou de carro na cidade velha e comecamos uma viagem maravilhosa. Foi otimo estar com israelenses, e nao com turistas e, assim, conhecer um pouco melhor o pais que se esconde por detras dos pamfletos e propagandas. Melhor ainda foi estar com pessoas tao criticas e tao politizadas, que puderam me dar uma boa nocao de como funcionam as coisas nos bastidores, aqui.

Primeiro fomos para Hadera, ao norte de Tel-Aviv, onde moram os pais da Daniela, esposa do Yuval. Deixamos a Lucy, cadela deles, la. Depois, fomos a Binyamina visitar o pai da Daniela -- ele e um artesao muito talentoso, conheci o estudio dele.

Em seguida, encontramos o Ran e a Sarah em Beit Shearim, um sitio arqueologico repleto de cavernas, onde esta enterrado o Rabino Yehuda Hanassi -- figura importantissima da historia do pais. O Ran e a Sarah sao historiadores e vao se mudar daqui a duas semanas para o Texas, para concluirem suas teses, etc. Sao um pouco intelectualoides demais, mas foram sempre muito atenciosos comigo.

Passamos a tarde em um riacho que desagua no Kineret (o mar da Galileia). Andamos dentro da agua, em cima das pedras geladas, cercados pelo silencio e pelo ar fresco. Estou aprendendo que o tipico passeio israelense sempre envolve algum lugar com agua -- item de luxo, aqui. O tipico passeio israelense envolve, tambem, um bom cafe turco -- nao sei porque nao temos cafe turco no Brasil, e tao gostoso, tao forte, e nos que nos gabamos de saber fazer cafe! O cafe turco do domingo tomamos na beira do rio Jordao, sentados no meio do mato, sozinhos, com vista para as Colinas de Gola. Estavamos acompanhados papelas por pontes militares estacionadas, como guerreiros ou artefatos de guerra adormecidos, esperando pelo som das trombetas da batalha. Prontidao.

Em seguida, nos dirigimos para o Dedo da Galileia -- um pedaco de terra que invade o Libano e as Colinas de Gola. No caminho, vimos placas com avisos de "perigo, minas terrestres" -- restos da guerra com a Siria, convenientes demais para serem retiradas tao cedo, dada a sua posicao estrategica.

As colinas, no verao, tem um amarelo leonino irresistivel. O Jordao corre apressado, e pudemos ver, nas suas beiradas, raposas e carangueijos, alem de um animal que parecia ser um castor. Aves trinavam, alegres.

(Foi nesse momento que percebi que sentir falta de alguem quando voce esta sozinho e triste e solidao, mas sentir falta se voce esta feliz e acompanhado so pode ser amor).
Nosso ponto final, no domingo, foi a cidade de Metulla. O avo do Yuval ajudou a fundar esta cidade que e a mais ao norte dentro de Israel, cercada pelo Libano por tres lados. E uma cidade pequena e montanhosa, algo como Campos do Jordao, mas menos movimentado. Nesta noite, aluguei um quarto em uma casa e dormi, pela primeira vez em mais de 10 dias, em uma cama gostosa, com um banheiro so para mim. Televisao, ar condicionado, etc etc etc.

Dormi embalado pelo som dos ventos uivantes que nao paravam de soprar, um lamento pela ruina de Beirute.

O Libano, visto de Metulla
Rio Jordao

Campo minado nas Colinas de Gola

Um comentário:

Unknown disse...

Que tipo de trabalho faz o artesão? Você trou alguma foto?