Outback
Ontem passei a noite com uma companhia muito agradavel -- o John e a Fiona, ambos da Australia e com 24 anos. Eles namoram desde os 17 e estao viajando ha algo como cinco meses. Compraram um pacote turistico ao redor do mundo e, por enquanto, ja conheceram todo o sudeste asiatico e estao comecando a conhecer o Oriente Medio.
O John da aulas de mergulho em Melborne e a Fiona e gerente de uma cafeteria israelense. Dos paises que visitaram, o preferido foi a India. Eles acham que depois de 40 dias na India nenhum pais pode oferecer desafios a viajantes.
A Fiona esta com medo de voltar para casa e ver que todos seus amigos mudaram. Mas eu acho que, no final das contas, ela deve ter sido quem mais mudou.
De pedra
Acordei as 6h15, tomei um banho gelado -- praguejando horrores -- e encontrei o John e a Fiona na recepcao. Nos levaram de carro ate a entrada de Petra, onde comecamos nossa aventura de mais de 8h. Acho que foi o dia mais cansativo desde que deixei o Brasil.
Petra e uma cidade construida nas montanhas pelos nabateus ha dois milenios. Os nabateus controlavam, aparentemente, a rota de incenso que ia do Egito a Peninsula Arabica, e se tornaram bastante poderosos durante o imperio romano. Sua arquitetura tem um toque helenistico e romano sem deixar, porem, de incorporar um estilo proprio e bastante peculiar.
Grande parte do que ha hoje em Petra sao os templos e tumbas, todos esculpidos diretamente nas rochas -- as rochas sao de longe o mais interessante da cidade, com tantas cores e formas diferentes, indo do rosa ao laranja dependendo do local e da iluminacao. Das casas e demais construcoes, nao sobrou muita coisa.
A cidade havia sido abandonada ha mais de mil anos, depois de sucessivos terremotos e depois da rota do incenso ser transferida para o norte. As informacoes precisas nao tenho, porque essa historia e bastanet nova para mim, mas o interessante e que a cidade so foi redescoberta no sec. XIX por um aventureiro suico.
Certamente, andar por Petra foi muito mais interessante que pelo Monte Sinai e Masada, apesar de isso nao significar que as experiencias anteriores nao foram validas. As construcoes sao imensas e maravilhosas, aqui, e certamente merecem estar dentre as maravilhas da antiguidade. Nao sei se ofuscam as piramides, provavelmente nao, mas isso nao importa muito, no final das contas.
Petra esta recheada da primeira populacao local que aparenta ser genuina que vi nesta viagem. Beduinos moram em algumas das cavernas, tocam suas cabras e oferecem aluguel de mulas, cavalos e camelos para os turistas. Sao bastantes simpaticos e te chamam de "my friend", quando falam com voce. Comprei uma boneca de pano de uma velhinha muito interessante -- e praticamente o primeiro souvenir que compro em quase 20 dias, devido a falta de espaco na minha mala.
Quem estiver interessado em conhecer Petra deve ou estar bastante descansado, se quiser fazer tudo em um dia, como eu fiz, ou comprar o ticket duplo. Pessoalmente, prefiro fazer tudo em um dia, apesar do cansaco ser maior.
Das dezenas de atracoes do local, destaco tres. A primeira e famosa, porque apareceu no terceiro filme do Indiana Jones -- trata-se do Tesouro, uma construcao enorme que se revela ao visitante apos uma caminhada em um vale de montanhas altas. Tudo e gigante e a surpresa e sempre maior quando voce se lembra de que tudo aquilo foi esculpido na pedra embaixo do sol das arabias (alias, o sol e um grande problema e ajuda o cansaco a ganhar forcas).
A segunda recomendacao e o Lugar dos Sacrificios. Depois de uma bela escalada, voce consegue ter uma vista fantastica das montanhas em que a cidade foi construida. La, eram feitos sacrificios aos deuses pagaos dos nabateus, e ainda e possivel ver os canais por onde o sangue escorria.
Minha ultima sugestao e o Monasterio. Este esta apos uma LONGA subida em uma escada de mais de 800 degraus. Nao e para fracos ou reclamoes. Mas vale a pena. O Monasterio foi utilizado, centenas de anos depois, pelos bizantinos, e trata-se de um local magnificamente grande. Fiquei hipnotizado pela porta, tentando imaginar porque era tao grande -- talvez para dar passagem a deuses e espiritos hoje esquecidos.
Ha muitas outras coisas a se ver, e claro. O anfiteatro, por exemplo. Ou ate mesmo o museu de arqueologia, o que demanda uma certa concentracao para ler as explicacoes detalhadas. Mas, mais do que ver, o importante em Petra e sentir -- sentir as rochas mudando de cor conforme o sol, a imponencia da paisagem, a antiguidade do local, a tristeza de uma cidade-fantasma, a pobreza da populacao local, o sol escaldante. O cansaco.
As 16h, voltamos para a cidade.
Companhia?
Enquanto estavamos em Petra, fizemos amizade com duas nova-iorquinas, a Joanna e a Ruth. A Joanna e formada em literatura inglesa, mas nao sei o que a Ruth faz. Talvez voltemos juntos para Aqaba, amanha, para rachar um taxi para a fronteira com Israel. E, mais uma vez, dizer adeus -- mas acho que estou ficando bom nisso.
Ontem passei a noite com uma companhia muito agradavel -- o John e a Fiona, ambos da Australia e com 24 anos. Eles namoram desde os 17 e estao viajando ha algo como cinco meses. Compraram um pacote turistico ao redor do mundo e, por enquanto, ja conheceram todo o sudeste asiatico e estao comecando a conhecer o Oriente Medio.
O John da aulas de mergulho em Melborne e a Fiona e gerente de uma cafeteria israelense. Dos paises que visitaram, o preferido foi a India. Eles acham que depois de 40 dias na India nenhum pais pode oferecer desafios a viajantes.
A Fiona esta com medo de voltar para casa e ver que todos seus amigos mudaram. Mas eu acho que, no final das contas, ela deve ter sido quem mais mudou.
De pedra
Acordei as 6h15, tomei um banho gelado -- praguejando horrores -- e encontrei o John e a Fiona na recepcao. Nos levaram de carro ate a entrada de Petra, onde comecamos nossa aventura de mais de 8h. Acho que foi o dia mais cansativo desde que deixei o Brasil.
Petra e uma cidade construida nas montanhas pelos nabateus ha dois milenios. Os nabateus controlavam, aparentemente, a rota de incenso que ia do Egito a Peninsula Arabica, e se tornaram bastante poderosos durante o imperio romano. Sua arquitetura tem um toque helenistico e romano sem deixar, porem, de incorporar um estilo proprio e bastante peculiar.
Grande parte do que ha hoje em Petra sao os templos e tumbas, todos esculpidos diretamente nas rochas -- as rochas sao de longe o mais interessante da cidade, com tantas cores e formas diferentes, indo do rosa ao laranja dependendo do local e da iluminacao. Das casas e demais construcoes, nao sobrou muita coisa.
A cidade havia sido abandonada ha mais de mil anos, depois de sucessivos terremotos e depois da rota do incenso ser transferida para o norte. As informacoes precisas nao tenho, porque essa historia e bastanet nova para mim, mas o interessante e que a cidade so foi redescoberta no sec. XIX por um aventureiro suico.
Certamente, andar por Petra foi muito mais interessante que pelo Monte Sinai e Masada, apesar de isso nao significar que as experiencias anteriores nao foram validas. As construcoes sao imensas e maravilhosas, aqui, e certamente merecem estar dentre as maravilhas da antiguidade. Nao sei se ofuscam as piramides, provavelmente nao, mas isso nao importa muito, no final das contas.
Petra esta recheada da primeira populacao local que aparenta ser genuina que vi nesta viagem. Beduinos moram em algumas das cavernas, tocam suas cabras e oferecem aluguel de mulas, cavalos e camelos para os turistas. Sao bastantes simpaticos e te chamam de "my friend", quando falam com voce. Comprei uma boneca de pano de uma velhinha muito interessante -- e praticamente o primeiro souvenir que compro em quase 20 dias, devido a falta de espaco na minha mala.
Quem estiver interessado em conhecer Petra deve ou estar bastante descansado, se quiser fazer tudo em um dia, como eu fiz, ou comprar o ticket duplo. Pessoalmente, prefiro fazer tudo em um dia, apesar do cansaco ser maior.
Das dezenas de atracoes do local, destaco tres. A primeira e famosa, porque apareceu no terceiro filme do Indiana Jones -- trata-se do Tesouro, uma construcao enorme que se revela ao visitante apos uma caminhada em um vale de montanhas altas. Tudo e gigante e a surpresa e sempre maior quando voce se lembra de que tudo aquilo foi esculpido na pedra embaixo do sol das arabias (alias, o sol e um grande problema e ajuda o cansaco a ganhar forcas).
A segunda recomendacao e o Lugar dos Sacrificios. Depois de uma bela escalada, voce consegue ter uma vista fantastica das montanhas em que a cidade foi construida. La, eram feitos sacrificios aos deuses pagaos dos nabateus, e ainda e possivel ver os canais por onde o sangue escorria.
Minha ultima sugestao e o Monasterio. Este esta apos uma LONGA subida em uma escada de mais de 800 degraus. Nao e para fracos ou reclamoes. Mas vale a pena. O Monasterio foi utilizado, centenas de anos depois, pelos bizantinos, e trata-se de um local magnificamente grande. Fiquei hipnotizado pela porta, tentando imaginar porque era tao grande -- talvez para dar passagem a deuses e espiritos hoje esquecidos.
Ha muitas outras coisas a se ver, e claro. O anfiteatro, por exemplo. Ou ate mesmo o museu de arqueologia, o que demanda uma certa concentracao para ler as explicacoes detalhadas. Mas, mais do que ver, o importante em Petra e sentir -- sentir as rochas mudando de cor conforme o sol, a imponencia da paisagem, a antiguidade do local, a tristeza de uma cidade-fantasma, a pobreza da populacao local, o sol escaldante. O cansaco.
As 16h, voltamos para a cidade.
Companhia?
Enquanto estavamos em Petra, fizemos amizade com duas nova-iorquinas, a Joanna e a Ruth. A Joanna e formada em literatura inglesa, mas nao sei o que a Ruth faz. Talvez voltemos juntos para Aqaba, amanha, para rachar um taxi para a fronteira com Israel. E, mais uma vez, dizer adeus -- mas acho que estou ficando bom nisso.
3 comentários:
Di querido,
eu estou sempre por aqui, e tbm dou notícias suas para a minha mama!
Estou mandando as melhores vibes para vc daqui!
beijocas
Estou muito ansioso para ver todas as fotos. Esta colocando me CD´s?
Você tem guardado folhetos de museus com explicações históricas, etc? Eu gostaria de ver alguma coisa...
Beijos,
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