sexta-feira, 25 de julho de 2008

Egito!

OK. Tenho 50min para fazer um post gigante e postar milhares de fotos. Espero que eu consiga! Estou no Intercontinental Hotel, em Taba (fronteira do Egito com Israel) -- vou ficar com a familia inglesa aqui ate as 23h, quando embarcarei para minha proxima viagem: o monte Sinai, onde Moises recebeu os 10 mandamentos. Sim, eu sei que isso significa que vou ficar 36h acordado e que vou fazer uma caminhada de 2h30 e blablabla. Mas nao parar e maravilhoso, ajuda a nao pensar em solidao.

Eu devo explicacoes. No ultimo post acho que deixei transparecer um pouco de tristeza. Mas e natural. Estou ha quase 20 dias sozinho, conversando com pessoas que somem no dia seguinte, procurando albergues e lugares baratos para comer, falando em ingles 24h por dia. Sim, tem um pouco de exagero nisso tudo -- mas eu sou assim, e o que eu sou tem sido amplificado. Em Eilat, por exemplo, tive momentos de desespero e quis muito voltar para o Brasil. Agora, estou mais calmo e mais animado para continuar aqui -- ou ir para Roma passar mais alguns dias la. As vezes e dificil achar forca, principalmente quando penso que em casa tenho meus pais e meus amigos para dividirem comigo os bons e maus momentos -- e, aqui, nao tenho ninguem.

Mas uma frase da minha mae fica na minha cabeca: "voce esta sozinho, mas nao e sozinho". Faz toda a diferenca.

E ha uma frase de uma colega de trabalho, tambem importante: "aceite o desafio". Penso nisso o dia todo, mesmo que ache que o desafio eu ja aceitei e ja cumpri -- o que vier e lucro.

Enfim.

Hoje acordamos cedo e fomos a um dos pontos cruciais da aventura: as piramides de Gize. O que posso dizer? As fotos devem falar por si mesmas. Mas foi animal. Elas sao enormes... Andei de camelo, tambem, o que foi no minimo divertido (os camelos sao os reis da regiao, os mais adaptados e os mais altivos, na minha opiniao). E vi a esfinge. Tudo isso naquele deserto lindo.

Nosso guia, o Ahmad, foi quem me deu o primeiro sinal da gravidade do conflito arabe-israelense. Estavamos no bazaar e eu lhe perguntei se ele ja tinha estado em Israel. Ele desfez o sorriso -- dissimulado, alias -- e me perguntou o que ha em Israel para ser visto. Eu enumerei algumas coisas e perguntei se ele nao gostava do pais. "Nao e uma questao de nao gostar", ele me respondeu. "Eu odeio Israel", completou. Nos seus olhos, vi uma faisca assustadora de raiva e intolerancia. Me arrependi de ter contado que eu estive em Israel e que vou voltar para la.

O mesmo vale para o Osama, 24, outro dos nossos guias. Sempre que menciono Israel ele enrudece. O assunto nao parece bem vindo aqui, e vou parar de tocar nele -- por mais que eu fique curioso.

Enfim -- depois das piramides, fomos ao Khan el Kalili, supostamente o mais e mais antigo mercado do mundo. Preciso confirmar as informacoes, mas e de fato um mercado muito bacana. Diferente do de Jerusalem, menos turistico e mais genuino, acredito. As lojas sao, tambem, mais organizadas. O cheiro nao e o mesmo (nada de paprica e incenso, nem de schwerma ou falafel -- na verdade, em algumas partes cheira a lixo). O Egito e um pais repleto de facetas, mas boa parte delas sao pobres demais.

Sentamos em um cafe para relaxar. Os ingleses, obviamente, tomaram cha com leite. Eu experimentei o cafe turco que, infelizmente, deixou muito a desejar em relacao ao cafe turco do Yuval e seus amigos, na Galileia.

E interessante, conforme meu editor ja tinha me avisado, observar com os muculmanos do Egito sao diferentes dos de Israel. Em tudo. Nas roupas, por exemplo -- aqui, os costumes sao seguidos mais a risca, imagino. No comportamente ortodoxo tambem -- um senhor gritou ate nao poder mais com a Yasmin porque ela estava fumando, o que nao e permitido para uma mulher.

Na piscina, ontem, vimos uma cena incrivel, alias, que me esqueci de comentar. Uma mulher entrando na piscina totalmente coberta de roupas, outra de burca. Os ingleses me disseram que na praia e normal ver mulheres de burca indo ate a agua.

Depois do Khan el Kalili voltamos para a imensidao vazia do Sinai, em direcao a Taba. Numa das unicas paradas no caminho, o banheiro era um buraco no chao os habitantes ao nosso redor eram, na sua maioria, cabras selvagens comendo lixo.

Estar no Egito foi fantastico. E ter pago para a agencia de turismo foi a melhor ideia que tive nos ultimos dias, porque incluiu, finalmente, um pouco de luxo -- hotel cinco estrelas e, o mais importante, companhia. Vou sentir falta da Yasmin, a Christine, a Izabel e o Adam, de verdade.

A mensagem que fica do Egito, porem, e a seguinte: preciso voltar aqui mais uma vez e conhecer o restante do pais. Mas, desta proxima vez, provavelmente acompanhado.

2 comentários:

Teresa Van Acker disse...

Oiiiiiiii

Força!!!
É difícl comentar seu estado de espírito, afinal... seria até uma invasão.
Pelo que você escreveu hoje, confirmou minha hipótese de que Israel é Ocidente. E que não deve ser nada fácil estar em contato com a cultura oriental, essa do Egito.
Para quem lê, apesar dos seus lamentos, não dá nenhuma impressão de que você esteja sozinho. Apenas em contato com tanta informação que talvez... seja uma avalanche.
Sei lá!
Que tudo dê certo!!!!
beijão

Teresa

Unknown disse...

Atraves de seus relatos, sinto que se um dia for para estes lados, vou gostar mais desta parte. Você entrou em alguma piramide? Sentiu alguma força "estranha"?